segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Entre seus cachos e seus atos
Levita um perfume raro
Impregnado de leveza e delicadeza
Envolvente inocência
Nas curvas do pecado
Acesa chama do desejo
Incendeia meus pensamentos

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Quando eu era criança em tempo integral fazia da sala de estar da minha casa o meu Maracanã. Afastava os sofás, a cadeira de embalo e a mesa de centro. Os pés da estante eram as traves. A bola era feita de jornal e saco plástico de dois quilos – roubado do açougue do meu pai. Ele ficava muito puto quando descobria que eu rasgava saco. Era como rasgar dinheiro. E ficava mais puto ainda quando procurava o jornal do dia pra ler e o mesmo já havia virado bola oficial da Fifa.
Eu jogava, narrava, me expulsava, fazia gol de impedimento, criava confusão, ganhava títulos... Obviamente para o Flamengo e Seleção Brasileira. Era um mundo só meu onde tudo era possível e nada era absurdo. Não, eu não queria ser jogador de futebol, eu queria ser jogador do Flamengo!
Já pensou você olhar para as paredes de sua casa e imaginar uma multidão de torcedores gritando seu nome numa cobrança de pênalti numa final de Copa do Mundo? E pior, você ficar nervoso durante a cobrança do pênalti? Pois é... Acho que só as crianças mesmo têm esse poder de imaginação. Solo onírico sem pegadas de surrealismo. É tudo real mesmo! Uma pena que o sisudo mundo adulto desmate essa floresta encantada.
Então o sonho de jogar no Flamengo e Seleção não se realizou, mas eu vivi aquilo tão intensamente na minha infância que isso não deixou vestígios de frustração. Na minha cabecinha eu fui o camisa 10 do Flamengo e da Seleção. Então meus futuros netinhos: Preparem-se pra ouvir meus “abacabas”.
Feliz dia das Crianças!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

JB

"Eu vim para somar." Ainda que seja uma frase clichê, a metáfora desbotada não é uma equação simples de primeiro grau. Vir para somar é uma progressão aritmética digna de uma Madre Teresa de Calcutá, de um Mahatma Gandhi, de um Santo Agostinho. Embora esse último, antes de se tornar santo, participou de inúmeras regras de três e saiu fazendo filho a três por quatro. Obviamente esse não é o caso do nosso amigo em pauta até por que ele manja de tabelas mesmo sendo as tabelinhas pouco confiáveis.
Após alguns anos de reflexão, translação e rotação de figuras na Universidade, formou-se em Matemática, cresceu intelectualmente, vislumbrou novos horizontes e Novo Aripuanã foi ficando pequeno. Era hora de ampliar essa figura geométrica, hora da lagarta quebrar a crisálida e virar borboleta. Hora de bater asas e parar de bater... cabeça. Hora do voo solo. Sem pai nem mãe, mudou-se para a cidade grande.
A vida nova no mormaço manauara ganhou tal proporção de números reais e surreais que a mesma foi a razão e porcentagem de sua hipotenusa, já que por definição, hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto. Entendamos aqui ângulo reto como Novo Aripuanã.
Porém a saudade da família tem preço e ele paga do próprio coração juros simples e composto. Ela aperta daqui, confrange dali, balança no meio dos catetos, e ele, sem seus pares ordenados, se aproxima dos inúmeros primos para a saudade diminuir, para tantas coisas abstrair. Tentativas radicais de sair pela tangente desse conjunto vazio. E sabem por quê? Porque saudade é punk, saudade é foda, saudade é teorema de Pitágoras!
Tento calcular essa relação entre volume e capacidade, esse volume de sólidos retangulares sem sequer imaginar a simplificação dos radicais. E concluo: Não deve ter sido fácil abrir mão de suas raízes pelas quadradas e cúbicas. Talvez essa mudança tenha sido o grade divisor de águas em sua vida. Diria até que tenha sido o máximo divisor, porém não comum!
Em meio a tantas divisões, adições, multiplicações, subtrações, sabemos que a vida não é fácil quanto a casa de multiplicação do cinco ou tão fácil quanto chegar ao resultado de dois mais dois.
Noves fora tudo isso, ganhamos nós com a decisão dele de ganhar a vida por aqui. Os ventos do sul do estado sopraram pra cá a companhia mansa e serena do professor plácido e pacato, de muitos números e poucas palavras, no entanto com uma enorme habilidade de magnetizar todos ao seu redor e sobretudo de harmonizar os polígonos por onde passa. Olha, e digo mais, se humildade fosse uma nota musical sua representação cifrada seria JB. Esse cara é humilde e amigo, amigo no verdadeiro sentido da palavra.
Uma vez um filósofo bebaço disse que a melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus. Gente, esse cara respeita a Quaresma! Não, está mais do que aperfeiçoado, né? Digno até de ser canonizado. Portanto seguindo o conselho de Pitágoras que dizia: Elege para teu amigo o homem mais virtuoso que conheces. Então você, meu amigo "Jente" Boa, é um dos eleitos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O Padre

No contexto bíblico, o termo igreja designa reunião de pessoas. E com suas portas sempre abertas essa reunião acontece de forma religiosa. Os fiéis vão lá num ato de fé estreitar o seu relacionamento com Deus. Para aqueles que só o conhecem de vista, ir à igreja é a oportunidade de ter aquela conversinha ao pé do ouvido.
Mas o povo do deserto se perdeu da outra ponta do laço. Sem afinidade com a liderança da assembleia não houve edificação sobre aquela pedra. Afastamento. Descontentamento. E os dias de calvário se arrastaram por dias, semanas, meses.
Comportamento surreal pra quem confiamos o poder de agregar. O sujeito simplesmente bateu no peito e deu as costas pro "Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus." Vendeu a alma pro cão e comprou briga com cachorro grande.
Insanidade adquirida no confinamento. Definhou. Pirou o cabeção. Cruzou a fronteira do sagrado. Com um cruzado de esquerda (sem conotação política, ou não) quebrou o Cruzeiro. Rasgou dinheiro. Cruzado, cruzeiro, cruzados novos. Tal qual nossa moeda, desvalorizou-se dentro da casa. Por sinal, um luxo de casa com sua história jogada no lixo.
Tenha santa paciência! o cara trocou a santa, fez quadradinho de oito e monopolizou a quadra, fez parceria política, subverteu a tradição. Procissão! Procissão! Quase findou em processo. E que processão! Expulsou o Almir. Não, vocês não estão entendendo! Expulsar o Almir é como abrir mão do dizimo. Dizimou os fiéis, isso sim!
A batina não lhe cai bem, você não nos fez bem. E sair pela porta dos fundos é o fim do mundo. Não, você não vai sair sorrateiramente pela porta dos fundos. Vem Navi, saia pela porta da frente porque ela está e sempre estará aberta para o povo de Deus.