tag:blogger.com,1999:blog-25123031875543118642024-02-06T19:12:52.620-08:00Paulo MedeirosPaulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.comBlogger273125tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-2666881519254895642016-01-17T07:14:00.002-08:002016-01-17T07:14:09.386-08:00Presepada em Cabo Frio<br />
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O medo ecoou mar adentro. A fúria esverdeada chegava ao nosso encontro como a alegria de um brinde, porém sem dissimular sua força por trás do bigode branco de espuma. Ela veio para o tim-tim do espumante ávida para levar consigo aquela que ali estava tirando sua onda.<br />
O medo entrou no mar pelo grito exasperado do pai coruja cuja potência gutural alcançou a "despreocupação em pessoa" através das ondas curtas do desespero.<br />
Pois é, o medo nos leva a reações inusitadas. Perdemos o parâmetro do "isso aqui eu não posso." Perdemos o senso, o contra senso e aí o nonsense salta os olhos. Descemos do salto, rodamos a baiana, damos piti, fazemos o maior auê, fazemos o maior caô.<br />
Então o medo - num átimo - singrou o mar e o que era riso, poderia na cabeça dele, virar um pranto coletivo. O sal que adoçava aquelas férias poderia azedar uma vida inteira não fosse o grito salvador do pai herói: Rebeca, sua louuuuca, vem pra cá!Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-12299921065480547602015-11-09T06:36:00.004-08:002015-11-09T06:36:29.824-08:00Tarde demais<br />
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Cansada de minhas noitadas<br />
Nem fermentou a sua partida<br />
Fugiu junto com a alvorada<br />
Em busca de uma nova vida<br />
Mulher decidida da peste<br />
Perdi o norte<br />
A perdi pro nordeste<br />
Não aceitou minha boemia<br />
De mala e cuia foi morar na Bahia<br />
E a felicidade...<br />
Que outrora em meu peito albergava<br />
Agora tem nome e axé<br />
Acarajé e a benção dos caras<br />
Quem sabe assim eu aprenda<br />
A valorizar uma mulher<br />
Pois aquela que se preza e se honra<br />
Não aceita viver de migué<br />
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O boêmio e sua ilusão da noite<br />
Essa criança encantada e fugaz<br />
Foi meu prazer foi meu açoite <br />
Uma pena... descobri tarde demais<br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-67893425791160114852015-10-26T17:12:00.001-07:002015-10-26T17:12:03.684-07:00Entre seus cachos e seus atos<br />
Levita um perfume raro<br />
Impregnado de leveza e delicadeza<br />
Envolvente inocência<br />
Nas curvas do pecado<br />
Acesa chama do desejo<br />
Incendeia meus pensamentos<br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-49525639192836025442015-10-12T08:34:00.001-07:002015-10-12T08:34:42.264-07:00Quando eu era criança em tempo integral fazia da sala de estar da minha casa o meu Maracanã. Afastava os sofás, a cadeira de embalo e a mesa de centro. Os pés da estante eram as traves. A bola era feita de jornal e saco plástico de dois quilos – roubado do açougue do meu pai. Ele ficava muito puto quando descobria que eu rasgava saco. Era como rasgar dinheiro. E ficava mais puto ainda quando procurava o jornal do dia pra ler e o mesmo já havia virado bola oficial da Fifa.<br />
Eu jogava, narrava, me expulsava, fazia gol de impedimento, criava confusão, ganhava títulos... Obviamente para o Flamengo e Seleção Brasileira. Era um mundo só meu onde tudo era possível e nada era absurdo. Não, eu não queria ser jogador de futebol, eu queria ser jogador do Flamengo!<br />
Já pensou você olhar para as paredes de sua casa e imaginar uma multidão de torcedores gritando seu nome numa cobrança de pênalti numa final de Copa do Mundo? E pior, você ficar nervoso durante a cobrança do pênalti? Pois é... Acho que só as crianças mesmo têm esse poder de imaginação. Solo onírico sem pegadas de surrealismo. É tudo real mesmo! Uma pena que o sisudo mundo adulto desmate essa floresta encantada. <br />
Então o sonho de jogar no Flamengo e Seleção não se realizou, mas eu vivi aquilo tão intensamente na minha infância que isso não deixou vestígios de frustração. Na minha cabecinha eu fui o camisa 10 do Flamengo e da Seleção. Então meus futuros netinhos: Preparem-se pra ouvir meus “abacabas”.<br />
Feliz dia das Crianças!<br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-54446278506951971692015-10-05T08:29:00.001-07:002015-10-05T08:29:25.188-07:00JB"Eu vim para somar." Ainda que seja uma frase clichê, a metáfora desbotada não é uma equação simples de primeiro grau. Vir para somar é uma progressão aritmética digna de uma Madre Teresa de Calcutá, de um Mahatma Gandhi, de um Santo Agostinho. Embora esse último, antes de se tornar santo, participou de inúmeras regras de três e saiu fazendo filho a três por quatro. Obviamente esse não é o caso do nosso amigo em pauta até por que ele manja de tabelas mesmo sendo as tabelinhas pouco confiáveis.<br />
Após alguns anos de reflexão, translação e rotação de figuras na Universidade, formou-se em Matemática, cresceu intelectualmente, vislumbrou novos horizontes e Novo Aripuanã foi ficando pequeno. Era hora de ampliar essa figura geométrica, hora da lagarta quebrar a crisálida e virar borboleta. Hora de bater asas e parar de bater... cabeça. Hora do voo solo. Sem pai nem mãe, mudou-se para a cidade grande.<br />
A vida nova no mormaço manauara ganhou tal proporção de números reais e surreais que a mesma foi a razão e porcentagem de sua hipotenusa, já que por definição, hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto. Entendamos aqui ângulo reto como Novo Aripuanã.<br />
Porém a saudade da família tem preço e ele paga do próprio coração juros simples e composto. Ela aperta daqui, confrange dali, balança no meio dos catetos, e ele, sem seus pares ordenados, se aproxima dos inúmeros primos para a saudade diminuir, para tantas coisas abstrair. Tentativas radicais de sair pela tangente desse conjunto vazio. E sabem por quê? Porque saudade é punk, saudade é foda, saudade é teorema de Pitágoras!<br />
Tento calcular essa relação entre volume e capacidade, esse volume de sólidos retangulares sem sequer imaginar a simplificação dos radicais. E concluo: Não deve ter sido fácil abrir mão de suas raízes pelas quadradas e cúbicas. Talvez essa mudança tenha sido o grade divisor de águas em sua vida. Diria até que tenha sido o máximo divisor, porém não comum!<br />
Em meio a tantas divisões, adições, multiplicações, subtrações, sabemos que a vida não é fácil quanto a casa de multiplicação do cinco ou tão fácil quanto chegar ao resultado de dois mais dois. <br />
Noves fora tudo isso, ganhamos nós com a decisão dele de ganhar a vida por aqui. Os ventos do sul do estado sopraram pra cá a companhia mansa e serena do professor plácido e pacato, de muitos números e poucas palavras, no entanto com uma enorme habilidade de magnetizar todos ao seu redor e sobretudo de harmonizar os polígonos por onde passa. Olha, e digo mais, se humildade fosse uma nota musical sua representação cifrada seria JB. Esse cara é humilde e amigo, amigo no verdadeiro sentido da palavra.<br />
Uma vez um filósofo bebaço disse que a melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus. Gente, esse cara respeita a Quaresma! Não, está mais do que aperfeiçoado, né? Digno até de ser canonizado. Portanto seguindo o conselho de Pitágoras que dizia: Elege para teu amigo o homem mais virtuoso que conheces. Então você, meu amigo "Jente" Boa, é um dos eleitos.<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-60458096276128708242015-10-01T07:49:00.002-07:002015-10-01T07:49:50.200-07:00O PadreNo contexto bíblico, o termo igreja designa reunião de pessoas. E com suas portas sempre abertas essa reunião acontece de forma religiosa. Os fiéis vão lá num ato de fé estreitar o seu relacionamento com Deus. Para aqueles que só o conhecem de vista, ir à igreja é a oportunidade de ter aquela conversinha ao pé do ouvido. <br />
Mas o povo do deserto se perdeu da outra ponta do laço. Sem afinidade com a liderança da assembleia não houve edificação sobre aquela pedra. Afastamento. Descontentamento. E os dias de calvário se arrastaram por dias, semanas, meses. <br />
Comportamento surreal pra quem confiamos o poder de agregar. O sujeito simplesmente bateu no peito e deu as costas pro "Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus." Vendeu a alma pro cão e comprou briga com cachorro grande. <br />
Insanidade adquirida no confinamento. Definhou. Pirou o cabeção. Cruzou a fronteira do sagrado. Com um cruzado de esquerda (sem conotação política, ou não) quebrou o Cruzeiro. Rasgou dinheiro. Cruzado, cruzeiro, cruzados novos. Tal qual nossa moeda, desvalorizou-se dentro da casa. Por sinal, um luxo de casa com sua história jogada no lixo. <br />
Tenha santa paciência! o cara trocou a santa, fez quadradinho de oito e monopolizou a quadra, fez parceria política, subverteu a tradição. Procissão! Procissão! Quase findou em processo. E que processão! Expulsou o Almir. Não, vocês não estão entendendo! Expulsar o Almir é como abrir mão do dizimo. Dizimou os fiéis, isso sim! <br />
A batina não lhe cai bem, você não nos fez bem. E sair pela porta dos fundos é o fim do mundo. Não, você não vai sair sorrateiramente pela porta dos fundos. Vem Navi, saia pela porta da frente porque ela está e sempre estará aberta para o povo de Deus.<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-36212654897901629462015-09-21T15:38:00.001-07:002015-09-21T15:38:29.517-07:00A juventude é curtaAlguns cabelos começam a pratear mas a maioria mesmo está me abandonando. É a vida comendo pelas beiradas ou seria a morte marcando terreno com seu lápis negro? Quem paulatinamente risca linhas na face e capricha nos pés de galinha? A vida ou a morte? Só sei que me desenharam um bigode chinês e arquearam minhas pálpebras soturnamente. É Cecília Meireles, eu também não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro.<br />
A rigidez dos músculos afundou nas areias movediças do tempo. A flacidez nos aguarda lá no fundo do pântano sem pressa, sem promessas e com sua suavidade e grande umidade propícia para a flacidez se expandir.<br />
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Retrato ( Cecília Meireles )<br />
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Eu não dei por esta mudança, <br />
tão simples, tão certa, tão fácil: <br />
- Em que espelho ficou perdida <br />
a minha face? Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-22908742216100317252015-09-20T08:28:00.001-07:002015-09-20T08:28:52.686-07:00Samba PVSAMBA CAMPEÃO GRCES PRESIDENTE VARGAS 2016<br />
Enredo: Miscigenação que veste minh'alma, Relicário de Rara Beleza. Meu Querubim fiel e amado. Salve São Gabriel da Cachoeira<br />
Compositores: Paulo Medeiros, Célio Medeiros, Igor Medeiros, Jhones Pereira, Bosco Colares, Agnaldo do Samba, Fred do Cavaco, André Sete Cordas<br />
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POR TRÁS DO VÉU DE SEUS MISTÉRIOS<br />
QUEDAS D'ÁGUA, CALHAS E CORREDEIRAS<br />
ÀS MARGENS DO IMPONENTE RIO NEGRO <br />
DESÁGUAM NA BELA ADORMECIDA E FACEIRA<br />
DESBRAVADA PELOS BRANCOS...<br />
ESCRAVIZARAM E CATEQUIZARAM A MALOCA INTEIRA<br />
SIM, A “CABEÇA DO CACHORRO” FOI FORTE <br />
MISCIGENARAM O MEU QUERUBIM, É TERRA NOBRE<br />
BANHADA DE AZUL E AMARELO NA EXPEDIÇÃO DA FOLIA BIS<br />
VEM COM A MIL GRAUS NA CORRENTEZA DA ALEGRIA<br />
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EU VOU, EU… EU VOU, EU<br />
EM SUAS ÁGUAS ME BANHAR<br />
AO SOM DA BELA SINFONIA<br />
QUE TRAZES NO SEU CHUÁ CHUÁ<br />
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NHEENGATU, BANIWA, TUKANO, <br />
SÃO GABRIEL, UMA BABEL, “EU QUERO TU”<br />
EU VOU E VOLTO NO RAIAR DAS MANHÃS<br />
SEM ESQUECER DOS MEUS XAMÃS, <br />
DAS MINHAS RAÍZES, MEU RITUAL, <br />
NO TEMPLO DOS ARTISTAS VOU DANÇAR O FESTRIBAL<br />
DABUCURI… MEU CARNAVAL <br />
E TODAS… E TODAS AS TRIBOS DE BAMBAS <br />
SAMBANDO NA MESMA ADRENALINA<br />
DE JAÚ AO PICO DA NEBLINA<br />
MATERNIDADE DO SAMBA NA AVENIDA<br />
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SALVE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA<br />
DE PELE MORENA É A NOSSA REALEZA <br />
PRESIDENTE VARGAS VAI TE EXALTAR<br />
MEU RELICÁRIO DE RARA BELEZAPaulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-43572567666147370492015-09-20T08:20:00.001-07:002015-09-20T08:20:09.712-07:00Vestido azulEla caprichou no vestido. Era um azul floreado cujo corte conservador representava muito bem o seu estilo setentona. Mamãe, dentro de sua simplicidade, gostava de se vestir bem. Aos setenta anos ainda lhe restava um punhado de vaidade. <br />
Mas o vestido azul não estava combinando com seu sorriso amarelo. Ela estava indo fazer mais uma cirurgia e dessa vez mamãe pintava um medo que, confesso, poucas vezes vi estampado em seu semblante. Dona Nonata era corajosa, não era homem, mas tinha aquilo roxo!<br />
Enquanto a cirurgia acontecia, eu, meu pai e meus irmãos aguardávamos no saguão do hospital envoltos em uma conversa tranquila. Na verdade a tranquilidade estava ali de laranja. A tensão se revelava nos estalar de dedos, nos pés que não paravam de marcar o tempo, no senta e levanta aqui e acolá e no de vez em quando “Tá demorando, né?”<br />
Após algumas longas horas de espera veio a notícia de que a coisa tinha ficado preta. A cirurgia complicou. Mamãe resistiu bravamente aquela noite de trinta e um de Outubro. Dia das Bruxas. Porém foi no desbotar da noite que ela descansou. Mamãe entrou de azul naquele hospital e nós saímos de preto. E nós… ainda não saímos dessa dor. Vira e mexe a saudade dá nas minhas duas. Como hoje logo que vi a foto do vestido azul da minha mãe.<br />
Bença mãe!Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-78711012008963697922015-09-20T08:18:00.001-07:002015-09-20T08:18:29.950-07:00Meu irmãoTinha quatorze anos e um sonho de consumo. Um All Star cano longo. Era o tênis da hora. Todo adolescente de classe média tinha o seu. A minha classe era um pouco abaixo da média, até arrisco a dizer que era paupérrima. A única fonte de renda jorrava de meu pai. Bom, jorrar não é o verbo mais adequado para tal situação. Papai já não cortava mais carne. Foi ser vigia de banco. Ou seja, grana curtíssima pra realizar o sonho do cano longo. Mal dava pra comer. Mal dava pra comer… Então tinha de me conformar com minha conga. Era o que de mais luxuoso tinha pra me calçar. Chegava de conga nos aniversários de quinze anos .<br />
Porém, meu pai, como bom vigia que era, não dormia no ponto e tratou logo de conseguir um emprego pro meu irmão mais velho lá mesmo no banco. Não foi fácil, como nada era fácil pra gente, mas ele conseguiu. Só tinha um problema; era um trabalho não remunerado. Conferente de não sei o quê. E de madrugada.<br />
Meu irmão topou, ou melhor, papai topou por ele. E lembro bem do meu irmão saindo mais cedo do futebol no fim da tarde pra encarar o trampo quase voluntário. Dava uma pena dele. Futebol era nossa diversão mais genuína. Bola dente de leite, pés descalços, duas pedras como traves, e um monte de moleque feliz da vida. <br />
Salvo engano, foram seis meses de ralação até ser contratado. Ele finalmente receberia um salário. Meu irmão nunca tinha visto tanto dinheiro aos dezesseis anos. Quando ele me disse o quanto receberia (um salário mínimo) fiquei ali sonhando com todos os sonhos dele. Imagina, se eu tinha meus sonhos de consumo, que dirá ele. <br />
Então no dia do pagamento ele chegou em casa depois de uma noite em claro conferindo sei lá o quê e disse pra mim e pro meu irmão: “Se arrumem aí que vamos lá no centro comprar o All Star de vocês.” Caramba… Sempre me emociono com esse história… E fomos. Ele ficou feliz com a nossa felicidade. Generoso, muito generoso. O altruísmo em pessoa. <br />
Por que escrevi esse texto? Porque amanhã (14/05) é aniversário dele. Foi a forma que encontrei de homenageá-lo uma vez que não poderei abraçá-lo. A distância não permite, mas sinta-se abraçado meu irmão, Irailton. Eu te amo!<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-13363567704293507842015-09-20T07:56:00.001-07:002015-09-20T07:56:42.875-07:00A amizadePelas mãos do samba desenvolvemos um enredo sem o limite da sinopse, sem a burocracia dos jargões, sem as cores tradicionais, sem as plumas e paetês e tacitamente sem as máscaras. Nada de confetes e serpentinas. Foram mãos buscando mãos na construção sólida de nossa comissão de frente: O respeito mútuo. Foi ele quem abriu alas pro nosso carnaval e sempre fiel as nossas leis de cada instante.<br />
Espalhadas pelas outras alas estão a generosidade, o companheirismo, a sinceridade, a liberdade de expressão e a disponibilidade, algo raro nos dias atuais. Basta um único acorde e todos logo chegam junto. <br />
Bom, no início, nossas reuniões eram voltadas para o trabalho de lapidar uma letra e transformá-la em um samba num nível razoável de competição. Célio e Belk começaram tudo isso. Aí veio o Fred, o André, A Stephanny, o Diego e o Henrique. O grupo aumentou e aumentou porque a relação de amizade é sincera. Estivemos juntos na derrota e na vitória. Já choramos de alegria e de tristeza. <br />
Bem, Tudo isso liderado despretensiosamente pela batuta do nosso mestre Agnaldo. Um cara de alma grande e coração bom. É ele quem dá o tom, o ritmo, a melodia e a harmonia pro grupo. Parafraseando o André, essa bichona é um showwww.<br />
A despeito de toda uma história de sucesso no carnaval amazonense, dos títulos nas grandes escolas, das belas composições, o cara continuou com os pés fincados no chão e fez da avenida da vida um congestionamento de humildade. Conheço poucos, ou melhor, raríssimos, que desfilam por essa passarela sem se deslumbrar com as personalidades, os camarotes e as áreas VIPs. É difícil passar por ela sem perder o rebolado. <br />
Agnaldo traz no seu carro abre-alas o bom humor, o cara é Mestre-sala nas sacadas rápidas e inteligentes, nosso Porta-bandeira de boas gargalhadas. Daquele tipo que perde o amigo mas não perde a piada. Confesso que nunca o vi triste.<br />
Porém há momentos em que a vida desafina, atravessa, semitona, e aí meu amigo, a corda arrebenta e o cavaco chora. O surdo fica mudo. A alegria empaca na concentração. Os holofotes se apagam, escuridão… Olha o biiiiicho! Mas o desfile ainda não acabou e nem é você quem decide quando acaba, se é que você me entende. O bicho papão não tem sete cabeças como falam por aí. Às vezes se faz necessário entrar no recuo da bateria e esperar tudo passar. Um passo atrás pode significar dois passos a frente. Então olhe bem ao seu redor. Você não está sozinho. Somos poucos, mas somos verdadeiros. <br />
'Bora, levanta daí! pega esse microfone e limpa a garganta. Meu irmão, atrás da Verde e Rosa só não vai quem já morreu!<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-81343180751322207342015-09-18T08:15:00.003-07:002015-09-18T08:15:45.234-07:00Foi um Chico que passou em minha vida...Nosso primeiro contato foi selado com um forte aperto de mãos, daqueles típicos de um cearense cabra macho. Confesso que me intimidei com aquela saudação sisuda que no estalar dos ossos quase ouvi um sonoro “O que tu queres com minha filha?”<br />
Na verdade aquele forte encontro de palmas foi um encontro de almas e não uma intimidação como havia deduzido lá no jurássico ano de 1991. Chico Branco era uma pessoa de alma grande e logo percebi que por baixo daquele cabelo prata existia um coração de ouro. <br />
Ele gostava de prosear e a nossa prosa dominical era sempre muito agradável ainda que ele estivesse em estado de felicidade etílica. A conversa fluía e o cara, isso mesmo! O cara porque ele era “o cara” conversava absurdamente sobre tudo apesar do pouco tempo de estudos formais o que não o impediu de diplomar os setes filhos. A sabedoria estava impregnada em sua pele.<br />
Os anos foram se passando e os filhos foram se casando. Vieram então os filhos dos filhos. Por que usei a palavra filhos e não netos? Porque seu Chico tratava todos como verdadeiros filhos. Essa era outra grande qualidade dele, olhar para o próximo sem distinção de cor, credo e conta bancária, o que me causava até uma certa inveja branca. Porém com o meu filho havia uma relação muito além de avô e neto. Uma relação admirável. Então meus amigos, como diz o ditado popular “quem meu filho beija, minha boca adoça”. Se eu já gostava do velho, passei a admirá-lo ainda mais. <br />
Recebi a notícia do seu falecimento no trânsito. Meu filho estava do meu lado e com a voz embargada sussurrei pra ele: Júnior, ele acabou de falecer. Afaguei sua cabeça e continuei: Perdeu o teu avô. Ele num choro represado falou: Perdi um amigo. Foi muito duro ouvir isso. E o coração ficou ainda mais dilacerado ao ouvir da Larissa, aos prantos, minha filha de nove anos, a seguinte frase: Não é fácil perder um avô. E pra mim era a perda de um segundo pai.<br />
Bom, acho que isso que acabei de relatar sintetiza muito bem quem foi seu Chico. Ele pode muito bem agora lá no Reino dos Céus parafrasear o personagem de um filme e bater no peito e cravar: Missão dada, missão cumprida! <br />
Fica aqui registrado no plano terrestre o seu legado de honestidade, generosidade, companheirismo, e solidariedade. Dizem por aí que enquanto a pessoa permanece viva em nossos corações ela não morre. Sendo assim, ele continuará perenemente vivo em nossas vidas. Foi um Chico que passou em minha vida...<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-21608708423406423882015-09-18T08:05:00.000-07:002015-09-18T08:05:52.499-07:00Para meus alunos do terceiro anoInício de ano letivo com traços de uma pseudo neofobia. What the fuck is Neofobia, professor? Explico. Neofobia é o medo do novo. Mas novo? ₢omo assim? Uma vez que já estamos inseridos nesse ambiente escolar há anos. <br />
Pois é, então foi mergulhando nos porões da minha memória que encontrei uma empoeirada apresentação dos professores cuja alegoria para o ano corrente seria: Professor-chave de fenda, aluno-parafuso. Ou seja, filosofia do aperto para, sem trocadilhos, roscas e porcas. O popular: quem for podre que se quebre!<br />
Isso foi o suficiente para alguns dos finalistas com um ar de estrelismo abrirem suas caixas de ferramentas, sacarem suas chaves estrelas e desparafusarem seus: Aqui eu não fico! Fui! Vou-me embora pra Pasárgada! <br />
E alguns foram, mesmo não sendo amigos do rei. Confesso... temi não estar aqui agora lendo esse texto para vocês. Perdemos alunos e professores, porém, não perdemos o sentimento vital para continuarmos encarando os desafios escolares diários: A coragem. É ela que bombeia otimismo e disposição em nossas veias. Sem ela, sequer, levantamos de nossas camas.<br />
No entanto, apesar do discurso subversivo dessa meia dúzia de neofóbicos, a situação foi contornada e o espírito Macunaímico – ai que preguiça! - que assombrava os corredores dessa escola foi exorcizado. Outro dia mesmo relendo Robert Frost, meu poeta americano favorito, eu os encontrei por lá no poema “The road not taken”. A estrada não trilhada. Vocês sabiamente evitaram os atraentes atalhos sugeridos pela Joana a louca de Espanha e toparam corajosamente caminhar por sobre os cacos de vidros temperados… Isso mesmo! Vidros temperados de dificuldades acadêmicas.<br />
Testes, seminários, teatro, dança, canto, produções textuais, pressão, pressão, e o mantra passar no ENEM, passar no ENEM, passar no ENEM ainda ecoa na acústica de nossas esperanças.<br />
Bom, cá estamos. Vocês conseguiram e chegaram aqui, fragmentados é bem verdade, com seus guetos, com suas tribos, com suas idiossincrasias, com suas desavenças, com seus arranhões, calos e fraturas, mas chegaram. <br />
Todavia, observei do alto da minha laje de vidro a pedra que rolava no meio dos seus caminhos. A diferença. É duro lidar com ela especialmente quando o peito ainda tufa de juventude. Essas diferenças precisavam ser britadas urgentemente para vocês poderem dar vasão a sentimentos mais nobres. Liberté, Égalité, Fraternité. Liberdade, igualdade, fraternidade. Exercício de cidadania que transcende cor, credo, sexo, a matéria favorita, o professor favorito, as páginas dos livros didáticos e as picuinhas dos dias que foram se encardindo, mas que ontem eu tive a certeza que tais picuinhas se desbotaram através do alvejante chamado união.<br />
Fermentem dentro de vocês a sede de vencer sem a arraigada necessidade de artifícios ilegais tão popularizada em território nacional pelos homens de terno e gravata. Sabe, a ilegalidade macro um dia foi micro. A cola é um micro artifício ilegal. Vocês são descolados, vocês foram descolados, então deixem essa porra pra lá! Amputem o jeitinho brasileiro e corram para o sucesso com suas próprias pernas. Pensem fora da caixa, façam a diferença. Façam da zona de conforto uma zona! Ontem vocês pensaram fora da caixa, ontem vocês fizeram a diferença. <br />
Sejam felizes, mas para tal, não tenham medo de seus próprios sentimentos.<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-61886862530570807692015-05-03T17:03:00.000-07:002015-05-03T17:03:44.322-07:00frfrfrfrTremeu. É pau. Tremeu. É pedra. Nepal do avesso. Placas tectônicas submissas a força da natureza. Pau mandado. Desconstrução fragmentando dor e desespero. Terra maculada de sangue.<br />
Recomeçar desenterrando para enterrar. Que Deus proteja aquela nação.<br />
Like ·Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-74834208769322425682015-02-08T08:18:00.002-08:002015-02-08T08:18:50.098-08:00Tem gente que se acha, e por isso, se perde.Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-87507975870396274802015-02-08T07:36:00.001-08:002015-02-08T07:36:26.335-08:00Um outro mundo existe...<br />
Já previamente avisado que a turma X do ensino Y era casca grossa, tomei uma dose de cuidados redobrados. Confio muito no teor de convencimento da minha cachaça. Dizem que nos primórdios a danada era usada lá pelas bandas do nordeste para amolecer carne de porco selvagem. Então, foi com ela que abri os serviços. Antes porém, temperatura do estômago: Zero grau. Coisa natural da primeira aula. Frio agasalhado, hora de exorcizar a fama de bad boys daqueles "sabem de nada, inocentes".<br />
De mochila nas costas, all star, camisa de meia e meu velho guerreiro jeans desbotado, entrei na sala meio que despercebido. Eles estavam entretidos numa conversa pra lá de animada. E aí moçada, de boa? O com pinta de líder de black blocs logo catapultou um "Olha aí, professor garotão na área!" <br />
Olhei pra ele com o mesmo olhar que olhei para a atitude da Sheislane. Mas o enterro seguiu e me apresentei ainda em meio àquela patuscada. Sentei sobre a mesa e abri o livro da minha vida. Paulatinamente eles foram se interessando pela minha conversa (a)fiada. <br />
Quando mencionei a Sharp e a Transbrasil, empresas que tive o desprazer e o prazer de trabalhar. Isso! exatamente nessa ordem. Interrompendo a minha fala um eco de "Pé frio o senhor, hein!" flutuou na acústica daquela sala. A gargalhada foi coletiva. A essa altura do campeonato eles já não interagiam entre eles, só comigo. <br />
O bate papo informal e motivacional foi encerrado com um verso de Mário Quintana. Pois falava da importância da leitura e fiz questão de frisar: Moçada, não se esqueça que "Um outro mundo existe..."<br />
Rolou um aplauso no final e um "esse professor é rodado, moleque!" em voz masculina. Foi interessante ver a mudança de feição daqueles jovens já meio calejados da mesmice de nossas aulas. Enquanto falava me lembrava do videoclip de Black and White do Michael Jackson. Mas o motivo que me levou a redigir esse texto, pois deveria estar preparando minhas aulas de amanhã, foi o aluno com pinta de líder black blocs ir até a minha mesa e dizer: Professor, hoje o senhor me fez acreditar que um outro mundo existe. <br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-5431645577545947642015-01-30T13:41:00.000-08:002015-01-30T13:41:32.271-08:00Subindo o morro <br />
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Estava revendo fotos antigas e essa me roubou alguns minutos. Essa me parece uma boa metáfora da vida. Às vezes tenho a impressão que estamos sempre subindo um barranco. E cada um encara a subida de acordo com suas leituras de mundo, suas perspectivas de vida e seus "eu". <br />
Antes da minha filha, subiram outras pessoas da família. fui o primeiro. Subi rindo das dificuldades do terreno. É bem assim que encaro a vida. Quanto mais dificuldade, mais eu rio.<br />
Depois subiu meu pai. Subiu reclamando de quão íngreme era o morro. Papai envelheceu e vive reclamando de tudo.<br />
Subiu minha irmã. Parava, respirava, continuava, fazia um comentário, reclamava. Nunca frequentou uma academia.<br />
Subiu meu filho na velocidade do Usain Bolt. Jovem adulto, vive tudo muito intensamente. <br />
Por último subiu a Larissa. Subiu rindo, cantarolando, brincando. Provavelmente foi a única que apreciou as coisas boas que estavam em volta, como por exemplo, o Rio Negro ali no fundo.<br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-67153638565244177362015-01-30T06:50:00.000-08:002015-01-30T06:50:01.669-08:00Crônica da bunda ou bunda crônica?O assunto por essas bandas de cá é bunda. Não sou contra e nem a favor, não sou de esquerda e nem de direita. Não me julgo um contra-bunda. Mas também não sairia nas ruas com a faixa "Vem pra bunda". Pega mal, não pegar na bunda, a faixa. Vou me posicionar no centro. Não, sem maldades por favor. Não quis dizer no centro da bunda, quero dizer no centro dessa discussão.<br />
O fato é que o Brasil tem fama de país da bunda, ou de bundões? Não sei, só sei que uma bunda incomoda muita gente, mas a da Paolla Oliveira incomoda muito mais. Se bobear aquela bunda tem RG, CPF e internet banda larga, no caso dela, bunda larga. Nome de registro? Bunda de Oliveira. Aí, como exercício de imaginação fico pensando aqui quão constrangedor seria a famigerada pergunta: Dona Bunda, quantos anos você tem?<br />
As aulas retornam na próxima semana e bem que os professores de língua portuguesa poderiam evitar a tão batida redação de primeiro dia de aula. Como foram suas férias? Vinte linhas. Essa coisa de dar número de linhas em redação é jurássico, mas há quem diga que é melhor do que dar a... Esquece! Continuando a minha sugestão, já que estamos as vésperas do carnaval mesmo, sei lá, de repente poderia pedir para os alunos redigirem uma redação do tipo "A importância da bunda na formação de leitores críticos e participativos" ou então "Os aspectos bundísticos de nossa sociedade em época de redes sociais e minisséries apelativas". <br />
Não sou muito de assistir TV, mas tenho acompanhado a bunda, digo, a minissérie e confesso que a Paolla Oliveira poderia ficar no ar eternamente. Aí sim o título da minissérie faria todo sentido para os homens. Felizes para sempre, sem a interrogação.<br />
PS. Meu texto sofreu uma digressão. Disse que não ia me posicionar. Viram como uma bunda desconcentra a gente! Só espero que minha mulher não leia esse texto.<br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-19556124579761409412015-01-28T06:12:00.001-08:002015-01-28T06:12:32.937-08:00WhatsAppSão raras as vezes que uso meu celular para fazer uma ligação. O WhatsApp trouxe no seu bojo a economia tão sonhada por aqueles que ainda têm plano pós-pago, e por que não os pré-pagos também? Aliás, acho que sou um dos poucos remanescentes a usar o serviço pós-pago.<br />
Porém, para muitas pessoas essa economia custa caro. WhatsApp é um cofre sem senha, cujos segredos digitados ali, estão a um clique de serem desvendados. Antigamente os segredos eram revelados, hoje em dia eles são printados. Mas segundo um amigo meu, o aplicativo está mais para terreno minado do que para qualquer outra coisa.Toda vez que a mulher dele se aproxima do telefone, ele, desesperado, grita: Não toque nisso aí que pode explodir! Homem admirável, não? Quanta preocupação com a integridade física da esposa, ou pelo prisma corporativista, integridade física dele mesmo!<br />
Os mais conservadores acreditam que o WhatsApp é zona do baixo meretrício, uma Itamaracá virtual, com muita putaria e tal. Pelo menos por lá o sexo é seguro. Já os mais religiosos creditam a invenção ao coisa-ruim. É marido deixando mulher de lado, é esposa deixando marido de banda, são famílias inteiras se debandando por conta das tentações WhatsAppianas. Parafraseando minha vizinha, zapzap é coisa do capeta!<br />
Só sei que pra mim o aplicativo tem sido bastante efetivo. Uso para fins profissionais e sociais. Uso com moderação embora minha ex-esposa discorde do meu ponto de vista. Viram? Fui vítima do mal tecnológico do século.. Nem os bons samaritanos escapam da maldição WhatsAppiana. Acho que minha vizinha tem mesmo razão. Zapzap é coisa do capeta!<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-20680785339484901802014-11-28T08:54:00.002-08:002014-11-28T08:54:54.884-08:00Terceiro ano 2014Quarenta e cinco minutos do segundo tempo. Fim de jogo. Quem ganhou e quem perdeu é o que saberemos daqui a alguns dias. Quem se preparou melhor, concentrou e investiu a longo prazo provavelmente continuará no campeonato da aquisição acadêmica. Para aqueles que inventaram contusões, lesões, fugiram da concentração e caíram na armadilha do "viver loucamente" chegam na cara do gol impedidos e, quiça, perdidos.<br />
Porém a vida é assim mesmo. Alguns vencerão, outros não. Só não podemos é perder sem a dignidade de lutar, pois, o gramado da vitória é um tapete observado do alto da arquibancada, no entanto só quem entra em campo é que percebe os buracos do fracasso que estão ali como um goleiro a impedir a investida do atacante adversário.<br />
Pessoal, isso não é resenha de vestiário, só alcança o cume da montanha quem calça a chuteira da determinação. É preciso, como diz a expressão do momento, ter foco. E vocês foram o nosso foco ao longo desses anos. Nós professores sonhamos, torcemos e queremos muito o sucesso de nossos alunos, mas o querer maior tem de ser dos jogadores que estão em campo.<br />
O ensino médio é uma preliminar para o ensino superior e o choque de realidade está logo ali com as presas de fora, afiadas, esperando friamente pelos calouros acadêmicos e calouros da vida. O caminho da vitória é asfaltado de obstáculos e vocês deverão estar uniformizados de humildade e sede de vencer se quiserem sagrar-se campeões.<br />
Mas agora é hora de confraternização e estamos aqui para relembrar alguns acontecimentos que os trouxeram até esse momento. Vocês eram dois e se tornaram um. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um, já dizia um tal de Fernando Pessoa. E vocês entenderam isso rapidamente e consolidaram amizades, creio eu, que para a vida toda. As picuinhas foram se dizimando ao longo do ano letivo. Inteligentemente vocês perceberam que a união não faz só açúcar, a união também faz a força e tacitamente vocês foram dando as mãos uns aos outros.<br />
Bobo aquele que bate no peito e brada: Eu não preciso de ninguém. Mas bater no peito não era muito a praia dessa garotada, o negócio deles era bater boca. Pense numa turma encrenqueira! <br />
O importante é que de todas essas desavenças vocês tiraram lições e penso que a maior de todas foi a de aprender a lidar com as diferenças. <br />
As luzes do estádio se apagarão em instantes mas a de vocês torço para que continue acesas perenemente.<br />
Que Deus ilumine os caminhos de cada um aqui. Boa sorte!<br />
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Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-7212981895725133522014-11-05T07:14:00.000-08:002014-11-05T07:14:26.826-08:00Matinha, uma estória de amor, cultura e arte (samba enredo)AQUI ESTOU AO PÉ DO TUCUMANZEIRO<br />
FOLHEANDO ALEGRIAS, AMORES E FESTAS<br />
PÁGINAS DO MEU RELICÁRIO, <br />
EITA POVO TÃO FESTEIRO!<br />
TALENTOS NAS ESQUINAS E BECOS<br />
PRATAS DA CASA TRANSFORMADAS EM OURO <br />
ABENÇOADAS POR SANTA LUZIA<br />
MINHA MADRINHA PELA FÉ QUE NOS GUIA<br />
GRITA JUTAL! LÁ SE VAI MAIS UM DIA<br />
VEM GARROTE LUZ DE GUERRA <br />
LEVANTANDO POEIRA <br />
SEU MARANHÃO ACENDE A FOGUEIRA <br />
SAUDADE INCENDEIA O MEU CORAÇÃO<br />
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TIRA ONDA CORONÉ COM OS BRASINHAS NA FOLIA<br />
E O AR DA "GRAÇA" EU QUERO VER<br />
NO BALANCÊ DA PRESIDENTE VARGAS<br />
VOU ENCONTRAR UM CAIPIRA, ANARRIÊ<br />
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AINDA MENINA NO MEU COLO ABRACEI <br />
A FRAUTA DE BARRO, COM BACELLAR, POETIZEI<br />
NA CASA DA MÃE DA GENTE É ASSIM<br />
A INSPIRAR GERAÇÕES, POESIAS SEM FIM<br />
TADEU GARCIA MATINHANDO MUNDO AFORA<br />
ENERGIA QUE VIGORA, TIC TIC TAC, UERERÊ <br />
NESSA NOITE ENLUARADA, <br />
CASAGRANDE E MANEL, QUE SAUDADE DE VOCÊS<br />
ZÉ PRETINHO... TUA BATUCADA GANHOU VOZ<br />
NOS TERREIROS DE BAMBAS<br />
MEU AMOR POR TI NASCEU... <br />
NA MATERNIDADE DO SAMBA<br />
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A MINHA ÁGUIA VAI VOLTAR<br />
RESSURGIR DAS CINZAS PODE CRER<br />
COM A PRESIDENTE VARGAS EU VOU MATINHAR<br />
SOU MATINHA, ME RESPEITE<br />
EU NASCI PARA VENCER... PARA VENCER<br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-41981440702144461732014-10-23T15:32:00.000-07:002014-10-23T15:32:31.712-07:00O último beijoPassava do meio-dia quando saímos de casa. Ela foi no meu carro. A conversa fluía naturalmente entre mim, papai e ela, mamãe. A cirurgia pela qual ela passaria não estava na pauta, fingíamos que estava tudo bem, mas não estava. Mamãe não estava ali com a gente. Algo a incomodava, não acredito que era a cirurgia em si. Mamãe já havia passado por várias.<br />
Em dez minutos já estávamos no nosso destino, fatídico destino. Santa Júlia, ali no Boulevard Álvaro Maia. A deixei lá e fui estacionar o carro. Na volta ela estava sendo atendida na recepção. Meu pai e meu irmão tratavam da papelada para internação e ela um pouco mais afastada aguardava numa cadeira de rodas. Sua fisionomia era de preocupação. Me aproximei e lembro como se fosse hoje ( um ano depois ) as minhas últimas palavras pra ela. Mãe, tranquilinha que vai dar tudo certo. Então a beijei na testa, o último beijo. Eu, o menos carinhoso, fui o último a beijá-la em vida.<br />
Ela me olhou com a insegurança de uma criança, chorou discretamente e subiu acompanhada do meu pai e meu irmão. Eles não conseguiram se despedir dela por conta de um contratempo. A vida dela foi cheia de contratempo.<br />
A cirurgia complicou. Sete, somente sete horas depois foi que tivemos notícias dela. Os médicos reverteram um quadro complicadíssimo, segundo eles, e mamãe ainda resistiu mais vinte e quatro horas.<br />
O dia seguinte veio para mudar nossas vidas, minha, dos meus irmãos, do meu pai e de todos aqueles que amavam dona Nonata. Estava no trânsito quando meu pai me telefonou e disse: Meu filho, vem pra cá que o pior aconteceu... Essa frase ainda ecoa na minha mente. Não acreditava! Esmurrava o volante do carro enquanto questionava a minha fé. Por quê? Por quê? Por quê?<br />
Cheguei no hospital e vi minha mãe ali dentro de um saco como se fosse um tronco de madeira que não servia mais pra nada. Pesadelo... Pesadelo. Só nós em volta dela sabíamos da grande história de luta, de amor, de simplicidade e dedicação daquela mulher.<br />
Mamãe faleceu no dia primeiro de novembro de 2013. Ontem à noite antes de dormir tudo isso que acabei de escrever veio à minha cabeça, e aí meu amigo, o choro é inevitável. Mas ainda todas as manhãs quando saio de casa para trabalhar eu peço a sua benção.<br />
Bença mãe.Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-31076584639417725122014-10-22T08:53:00.001-07:002014-10-22T08:53:27.995-07:00Um leão por dia...A luta para matar um leão por dia nos deixa arranhões e lesões. Hematomas mal cicatrizados pela necessidade de estar de pé para a próxima batalha. Ainda assim, com algumas feridas abertas e outras fraturas expostas, seguimos para o segundo, terceiro, quarto round. Os rounds não param.<br />
O pouco tempo para a recuperação vai nos enfraquecendo, então o inevitável acontece. Mata-leão do avesso. Somos engolidos por ele. Não se vence sempre. Nos falta força, sabedoria, sapiência. Só não pode é faltar fé, uma vez que ela move montanhas. E move mesmo.<br />
Quase entreguei os pontos. Só não o fiz porque a fé não costuma falhar. Mova-se montanha! mova-se! Já ouço o rugido do próximo leão...Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-54770315537022150092014-10-10T15:43:00.001-07:002014-10-10T15:43:53.092-07:00Tantas emoçõesHá uma grandeza tão absurda em coisas tão singelas que a emoção inunda dentro de mim. Vou ilustrar essa afirmação. Hoje era a festinha das crianças na escola da minha filha e ela faria uma apresentação com a turma do balé. Ela, vestida de princesa, esperava enfileirada pela sua apresentação quando me aproximei para tirar algumas fotos. Seus olhos me buscavam em meio aquela muvuca de pais babões querendo o melhor ângulo da foto, flashes pra cá, flashes pra lá e eu ali parado bem próximo dela mas ela não me enxergava. Sua expressão era de preocupação e seus lábios se tocavam freneticamente. Especialista em leitura labial fui me emocionando a cada Cadê o papai? Cadê o papai? Cadê o papai? <br />
No momento que nossos olhares se encontraram um salto de alegria caiu em meus braços. Papai!!! Caramba, eu me derreti todo. <br />
A rotina muitas vezes nos faz esquecer quão importantes somos nas vidas de nossos filhos. E esses momentos acontecem exatamente para nos chacoalhar diante do tempo que perdemos nos apegando a coisas supérfluas. <br />
Eu não abro mão de participar desses eventos. Pequenas apresentações, grandes emoções. <br />
Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2512303187554311864.post-3918918868058825912014-09-14T09:27:00.000-07:002014-09-14T09:35:21.958-07:00Festival The Beatles<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXW5HN5afOkfklTtHNZ2NhxNOQR8xe54o0Fsq7yKXCig296dIaOERxv9TJJaztDvbm8PSACD0NDBxK4KqNdD2CVW6PMEU-8VOhj-CpodVSeHKGbFCZaLMlwiDJiLcABqB_KVo87fGJH_2c/s1600/ps.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXW5HN5afOkfklTtHNZ2NhxNOQR8xe54o0Fsq7yKXCig296dIaOERxv9TJJaztDvbm8PSACD0NDBxK4KqNdD2CVW6PMEU-8VOhj-CpodVSeHKGbFCZaLMlwiDJiLcABqB_KVo87fGJH_2c/s320/ps.jpg" /></a><br />
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Como diz o ditado, quem canta, seus males espanta. Ontem meus alunos do ensino médio da rede pública, durante o nosso primeiro festival de música, cantaram exclusivamente as canções dos Beatles. Aquela garotada espantou a cara de interrogação de todos os desconfiados de plantão e num lá maior tufou o meu peito de orgulho.<br />
Confesso que num dado momento dos ensaios pensei em desistir (foram quase 40 dias de preparação e aporrinhação). Muitas intrigas, "panelinhas", birras, beicinhos, e a tal da vaidade... Vaidade, esse grande mal da humanidade. Para o bem do coletivo é necessário o desprendimento da filosofia do "umbiguismo", temos de abrir mão mesmo de nossas verdades absolutas. Verdades absolutas são nossas prisões. Para alcançar o macro é importante pensar no micro e na amplitude de nossas possibilidades.<br />
Porém, abandoná-los no meio do caminho seria deselegante, ou melhor, seria uma covardia, pequenez de minha parte. No entanto, minha mãe, que já não está mais entre nós, me deixou de herança a coragem de lutar até o final independente do tamanho do monstro. E foi com essa virtude herdada de dona Nonata que segui até o final. Já dizia o poeta, tudo vale a pena quando a alma não é pequena.<br />
O sucesso do festival estava depositado na conta corrente deles, corrente sanguínea de adrenalina e empolgação. Para a minha não surpresa eles arrebentaram! E valeu muito a pena. Só não imaginava que iria me emocionar tanto com a alegria esfuziante deles. Durante uma apresentação fui tomado por um arrepio inexplicável, e não é força de expressão. É pura verdade. Eu que disse que não inventaria mais esse negócio de festival já estou aqui pautando o que podemos melhorar para o ano que vem. Porra, vocês são foda!<br />
Obrigado à todos por me proporcionarem tamanha realização profissional. I wanna hold your hands, I love you yeah, yeah, yeah!!Paulo Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/02471503515297148821noreply@blogger.com0