segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A juventude é curta

Alguns cabelos começam a pratear mas a maioria mesmo está me abandonando. É a vida comendo pelas beiradas ou seria a morte marcando terreno com seu lápis negro? Quem paulatinamente risca linhas na face e capricha nos pés de galinha? A vida ou a morte? Só sei que me desenharam um bigode chinês e arquearam minhas pálpebras soturnamente. É Cecília Meireles, eu também não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro.
A rigidez dos músculos afundou nas areias movediças do tempo. A flacidez nos aguarda lá no fundo do pântano sem pressa, sem promessas e com sua suavidade e grande umidade propícia para a flacidez se expandir.

Retrato ( Cecília Meireles )

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face?

Nenhum comentário:

Postar um comentário