segunda-feira, 18 de julho de 2011

A visão do inferno

A penumbra esbranquiçada tem um violento cheiro de orgia no ar. A música de gosto duvidoso – é o que menos interessa naquele momento - anima homens solteiros e casados na perene busca animalesca por fetiches e aventuras ilícitas. Na mesa de plástico branco as garrafas de cerveja quente se misturam as vendedoras de sexo em trajes fuck me baby e combinam com a performance fria das strippers.
Na passarela-vitrine putas fora das formas padrão de beleza vêm e vão com um sorriso alugado na cara. É ali naquele cadafalso que elas fazem a exposição da mercadoria de quinta categoria. É a lei da sobrevivência. Elas se rebolam literalmente para tirar daquele mundo profano o pão sagrado de todos os dias.
Os clientes avarentos em seus lares, sonegadores de impostos em seu país e impostores do amor tornam-se verdadeiros perdulários diante dos vícios e dos prazeres selvagens da carne. Os pobres carentes saem da casa só para maiores tão desbotados quanto suas calças jeans encardida. E só caem na real no dia seguinte quando nem o dinheiro do ônibus os infelizes têm. O que eles têm agora é muita vantagem pra contar. Fiz isso, fiz aquilo, foi assim, foi assado, foi cozido, foi guisado.
No próximo pagamento uma nova página dessa busca insaciável pelo prazer será escrita. Parafraseando o saudoso Tim Maia, no inferninho vale tudo, só não vale dançar homem com homem nem mulher com mulher.

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