domingo, 25 de setembro de 2011

Maioridade




Dezoito anos atrás nascia de uma partitura normal, portanto dolorosa, o tão festejado Songfest. Na primeira nota um susto, nada de choro. Mais uma nota e nada, na terceira e derradeira ele rasgou o silêncio com um acorde afinado e um lirismo pueril. Características peculiares dos vitoriosos. Nasceu com um sopro no coração... um sopro musical.
Era pequeno como uma clave de sol, tão miudinho que dava . Apenas vinte e um gramas era seu peso, dizem por aí que é o peso da alma e foi exatamente no que se transformou o miúdo Songfest, na alma do Mackinley.
Produção pra de independente, mas independente disso ele não foi fruto de um solo carnavalesco, muito pelo contrario, foi fruto de muita elucubração de uma Guerra. Ser filho de uma Guerra não é pra qualquer um, o Songfest – apadrinhado pela determinação - nasceu de pra lua.
Mas tinha um si no meio do caminho, e se ele não sobreviver? Pois, recurso financeiro para bancar o menino com nome de gringo quase nenhum, porém não tinha como retroceder, nem pensar! Cecília tinha certeza e fé que o sol iria rutilar sinais de dias límpidos para aquele calouro de berço musical.
Começou a andar cedo dispensando o engodo andajá, tanta avidez assim exigia mesmo era um cantajá e não deu outra, cedo balbuciou as primeiras palavras: dó, ré, mi. Neto de radialista, não poderia ter sido diferente, música já estava arraigada ao Songfest desde tenra idade.
Os dias foram varando os anos e o Songfest cresceu e apareceu, mudou de voz sem nem desafinar e seguiu seu rumo cantando conforme o tom. Com uma auréola de vibrações agudas e graves foi deixando de ser recital para ganhar corpo de orquestra sinfônica sob a batuta agora da mãe e das tias também.
A maioridade este ano cingi-lhe a cintura e lhe apresenta um futuro matizado de trabalho árduo, sucesso e a merecida prosperidade. Desvelo, garanto eu, não lhe faltará. Com tanto carinho recebido daqueles que acompanharam e acompanham seu crescimento só amplifica a responsabilidade de continuar caminhando com pés bem fincados no palco da vida.
Então agora Cecília, vem pra cá e assume que o filho é teu!

Songfest é um festival de música da escola que trabalho. É o evento em que os alunos se divertem muito. As apresentações começam pelos professores cantando.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bodas de madeira

Para fugir do clichê, direi que parece que foi anteontem. Mas lá se vão cinco anos de aliança. Aliança: ato ou efeito de aliar, união, do latim alligare.Mas não vou ficar aqui gastando meu latim tentando definir a palavra casamento. Casamento não se explica, se vive ou se morre. Então Durval e Suymara optaram por vivê-lo dia após dia como manda a cartilha. Opção The Road not taken, eu diria.
Da Rua Rio Madeira – onde tudo começou – para bodas de madeira. É pra comemorar mesmo, meu casal 20, pois, segundo pesquisas, a maioria dos casamentos nos tempos atuais não emplaca dois anos. Mas nem só de casal 20 vive-se um relacionamento, temos os momentos A gata e o Rato também, ou para os mais jovens, momentos Mr and Mrs Smith. O pau quebra e o couro come. É meus amigos, é madeira de dá em doido.
No primeiro ano de casamento, eles comemoraram bodas de papel, cada um fez o seu papel,tudo direitinho, nada de papelão. Estrada asfaltada, dois anos depois lá estavam eles celebrando agora bodas de algodão, era só olhar na cara deles para perceber que o “sim, eu aceito” tinha sabor de algodão doce. Algodão doce nos remete a criança, porém, ainda não era o momento.
Mais uma parte da estrada do casamento pavimentada. Três anos juntos, bodas de couro, manooo! Momento perigoso dos relacionamentos, é quando geralmente o homem pula a cerca, mas a Suy não é nem um pouco boba, a cerca dela é elétrica. E convenhamos, O Durval seria incapaz de tal covardia e tampouco louco. Durval não é do mal.
Quatro anos depois só flores? Não. Relacionamento nenhum é feito só de flores, porém, as bodas sim, essas são de flores. Período de recapeamento do asfalto percorrido. Um buraco aqui, outro acolá, no entanto, nada que prejudicasse a caminhada. Ah, claro, não poderia deixar de citar que a sementinha foi plantada no quarto... No quarto ano.
E cá estamos comemorando com vocês esses cinco anos de união matrimonial e desejando o maior número de bodas possíveis e com a certeza de que com a chegada da Dudinha o laço de amor de sua família ficou ainda mais forte e inquebrável assim como é madeira de dá em doido.
Voltarei a escrever um texto para vocês de novo quando completarem bodas de ouro, daqui a exatos quarenta e cinco anos, isso claro se minhas osteoporose e artrose me permitirem. Parabéns!!!
PS. Suy, você é sui generis...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Poema Sujo

No perfume de suas palavras,
A alquimia de seus toques,
Embriaga-me rosa rara...
No balé de nossas línguas.