sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pagodeira de Carteirinha

Sexta-feira à noite
É dia de pagode
A pagodeira antenada
Chega antes da meia-noite
Gastar não é com ela
Isso fica pra quem tem bigode
Pagodeira que se preza
Usa gang, salto e top
Vestida para matar
Começa a caça pelo bofe
Não tem um tostão no bolso
Apenas um engove
Mas pra que dinheiro
Se em volta dela tem uns nove
Ela é a dona da situação
Então meu amigo
É ela quem escolhe
Neguinho que tiver de busão
Ela nem dá mole

Alguém interessado em gravar esse pagode? rsrs

quarta-feira, 28 de julho de 2010

PSS

Sou professor da rede estadual de ensino de Manaus, mas não sou concursado. Fazemos contratos de dois anos e somos avaliados ao término de cada ano letivo. Se o professor for bem avaliado no primeiro ano ele continua e cumpre o contrato de dois. Do contrário o professor tem que se inscrever no ano seguinte novamente e esperar ser chamado. O detalhe é que esse professor sai da folha de pagamento e não recebe janeiro e nem fevereiro. Então vamos ao texto de desabafo:

Não tenho nome, apenas me chamam de PSS. Não tenho RG e muito menos CPF. Às vezes me sinto um OB, só sirvo mesmo é pra tapar buraco.
PSS não tem direito a FGTS e se quiser ter o contrato renovado tem que ter QI, do contrário nem com ajuda do FBI. Deveríamos era fazer um BO, pois essa atitude unilateral de quem está no comando da SEDUC é uma agressão aos profissionais de educação.
Então pra onde vão os salários de janeiro e fevereiro? Bom, só descobriremos se instaurarmos uma CPI. Nesse mundo da educação tem muito FDP por aí e o sonho de um PSS é mandá-lo pra PQP, mas como não quero ir parar no primeiro DP é melhor me conter.
Esse texto que escrevo é o meu SOS, não agüento mais todo início de ano ter que emprestar dinheiro do HSBC e isso é só pra comer porque as prestações do carro depois me acerto com o BMG. E o cartão da C e A? E rapaz, é melhor esquecer.
P.S. Professor PSS não é RO, queremos concurso já!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dias Contados

Caros leitores,

Foi um prazer inefável conhecê-los, pois venho através deste informa-lhes que estou com o prazo de validade contado. Os médicos descobriram que tenho uma doença irreversível. Tudo começou com uma dor na cabeça do dedão e se estendeu até o peito do pé que foi subindo pra batata da perna, depois essa dor chegou até o pé da barriga. Com o passar dos dias essa dor migrou pra boca do estômago e no último exame detectaram um nódulo no céu da boca e outro no pé da orelha.
Diagnóstico: Catacrese.

Para não ficar sem postar esse fim de semana, vai aí um texto antigo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Despedida

Íngreme barranco barrento
Com água pelos pés batendo
Escalo-te aos troncos...
Hoje não trago um sorriso nos cantos

Não há berros e nem mugidos
Terreiro em soluços
Conversas, cochichos comovidos
Goiabeiras de bruços

A prosaica casa de farinha
Clama por seus compadres poetas
Que agora bebem a sua rainha

E o rio segue seu curso
No vaivém do banzeiro
Saudades, memórias, luto.

Saudades de minhas férias estudantis na casa de minha vó la no Careiro. Semana passada essas reminiscências vieram à tona. Lembrei de detalhes que me assustaram. Vó Doca faleceu em 2005.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ponto Seguido




No início dessa década ainda éramos reticências, dois pontos: interrupção ou continuidade? Uma interrogação pendulava em nossas faces e um travessão nos engasgava a garganta. O ensino médio ou o antigo segundo grau não poderia ser o nosso ponto final. E uma vírgula, somente uma vírgula nos separava do ensino superior. Sem querer abrir parênteses e se esconder embaixo de aspas, fomos tomados pela teoria da evolução de Darwin e o aprendizado acadêmico foi o núcleo do sujeito e o processo de ensino-aprendizagem, me perdoem o pleonasmo, tornou-se o objeto direto de nossos objetivos. Voz passiva que nada! Queríamos o avatar, a metamorfose, não poderíamos continuar sujeitos oculto de nossa sociedade.
Mas o sucesso tem seu preço, não pensem que esse período foi simples, muito pelo contrário, foi um período composto de muitas adversidades e de muita oração também. E haja oração! O presente perfeito fica para os contos de fada. Havia uma dicotomia escancarada ali como um exercício de socialização. Racionais versus emocionais. Às vezes nos faltava corrompimento para o bem-estar do coletivo. Mas os nossos laços de amizade foram se espraiando e se fortalecendo ao ponto de não permitir que um objeto indireto nos levasse a digressão.
Segundo Aristóteles, só há conhecimento da realidade quando há conhecimento da causa – ou seja, conhecer é conhecer pela causa e nossa causa meus amigos, era nobre.
Livros e mais livros lidos, interpretados, analisamos textos, analisamos a relação entre língua e ideologia, quebramos paradigmas, descobrimos que a verdade depende da nossa formação discursiva, buscamos o sentido dos textos e principalmente buscamos o sentido da vida.
E cá estamos, passados cinco anos a freqüência do advérbio de nossos encontros é: às vezes, e é às vezes graças ao poder do verbo de ligação. Mas o mais interessante é que nossas reuniões são sem iguais, não há comparação, é superlativo, é mais que perfeito.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O primeiro dia de aula a gente nunca esquece

Passos ansiosos rumo ao desconhecido mundo novo de quem nele está a pouco mais de três anos. A lancheira no ombro esquerdo combina com a bolsa Pink de rodinha da hello kitty – ambas escolhidas a dedo por ela mesma - na mão direita. Auto-suficiente e destemida não se parece com o pai em nada.
O escorregador, o balanço, a casinha que ficam espalhados pelo pátio da escola lhe parecem muito mais atraentes que a confortável colorida e climatizada sala de aula. Oi coleguinha, é assim que ela chama a todos que estão uniformizados tal qual ela. Não importa o sexo, a religião, o estado civil, o poder aquisitivo, ela quer mesmo é socializar.
Soa a campainha e a molequinha branquinha de pernas roliças se direciona a sala de aula com um sorriso riscado na face como se fosse uma veterana. Lá vai ela ouvir estórias, fazer sua história, colorir suas tardes, desenhar seus devaneios, escrever seu futuro, lá vai ela pintar o sete, o oito, o nove. Lá vai ela... Sem lenço e nem documento.
Nesse momento o pai a deixa com o coração apertado. E Ela? Bom, ela fica com o coração aberto e jorrando alegria. Alegria é algo que transborda naquela menina. Para ela não tem tempo ruim e ficar quatro horas sem a presença dos pais por perto, imagino que deve ser o paraíso.
Agora é só a Larissa, não tem pai, mãe e nem irmão para protegê-la. Mas isso não parece intimidá-la o que de certa forma me conforta porque um dia isso será real em sua vida. Pois a vida fora de nossos lares é dura e cruel. Mas enquanto esse dia não chega vou enchendo aquelas bochechinhas de beijos doces. Ainda bem que ela não é diabética!

Feliz aniversário meu amorzinho. 4 aninhos nos alegrando.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Chora Brasil

Tinha uma laranja no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma laranja...
O sonho acabou.