quinta-feira, 28 de junho de 2012

... E eu me achando

Hoje é aniversário da minha mãe e pensei em presenteá-la com algo que fosse a cara dela, mas sou péssimo para escolher presentes, nunca acerto. Então decidi perguntá-la.
- Mãe, o que a senhora quer ganhar de presente hoje?
- Meu filho, gostaria de dinheiro pra comprar meu remédio.
Amordaçado pelo silêncio fiquei. Chute nos culhões! Murro na boca do estômago. Mãe, quantas noites a senhora foi dormir mais tarde por minha causa? Quantas noites a senhora deixou de dormir por minha causa? Quantas manhãs a senhora acordou mais cedo por minha causa? Quantas vezes a senhora deixou de comprar suas calcinhas para comprar minhas calças? Quantas vezes a senhora chorou por minha causa? Quantas vezes a senhora largou tudo por minha causa? Foram essas perguntas que ficaram ruminando na minha cabeça na eternidade daqueles segundos. E eu achando que estava arrasando não consegui perguntar mais nada. Nem o nome do remédio.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Jantar dos namorados

Lua cheia, copo vazio,
Mesa cheia, corpo vazio,
Boca cheia, papo vazio,
Barriga cheia, bolso vazio,
Assim foi o jantar dos namorados.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

No dia dos namorados

Após uma conversa ao pé do ouvido, o pé na bunda foi ouvido de longe. Ela descobriu no dia dos namorados que o pé de cabra era na verdade um pé de galinha.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pescador de ilusões

Com a roupa amarrotada e a cara passada mergulhei num uníssono lago de bom dia, professor. Respirava uma esperança ressecada e com a voz grave fui apertando a mão de cada um escamado. Abordado por um peixe de médio porte tive o sono afogado pela comparação com um pescador.
Então pensei cá com minhas barbatanas: É, sou mesmo um pescador de ilusões.