“Eu os declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva.” Como essa cara deve está ansioso para ouvir isso – esse cara atende pelo nome de Harrison – e finalmente colar a aliança no seu-vizinho da mão esquerda.
O anelar destro já tinha experimentado antes o abraço do anel do matrimônio, o “sim” já esteve na ponta da língua, o carequinha quase virou Cacheado (sobrenome da ex), mas o fura-bolo do destino indicou outro caminho pro meu amigo que sofreu pra entender que aquela alma não era sua gêmea.
Gemeu de dor, comeu o pão que o diabo amassou, bebeu corote disfarçado de caipirinha, experimentou o outro lado da moeda, perdeu a pulseira (private joke rs) de ouro e ficou sem eira e nem beira. Até Joseph Climber – aquele cuja vida é uma caixinha de surpresas – sentiu pena do cara.
Mas numa bela manhã ensolarada ele decidiu curvar todos os dedos em volta do maior-de-todos e gritar: “Aqui pra ti sofrimento! A vida é bela, carpe diem, I will survive!” e tocou o barco rumo a felicidade (esse texto está ficando brega).
Essa busca frenética pela felicidade a dois o levou a caminhos cheios de cacos de vidros, encontros e desencontros, promessas de nada, nada de promessas, relacionamentos efêmeros, rompimentos duradouros. O cara foi até apedrejado.
A certeza de encontrar alguém que de fato o compreendesse e o amasse na mesma voltagem foi o espinafre desse Popeye tupiniquim. São de suas faculdades mentais, foi justamente na faculdade que o sol brilhou, foi justamente na faculdade que seus olhos brilharam novamente.
Dessa vez tomou todos os cuidados necessários, pra quem nunca foi muito fã de fast-food, fast-love era algo corriqueiro nos seus namoros. Não cometeu os erros de outrora, nada de conhecer num dia e no outro já está dividindo o mesmo tubo de pasta. Agora sim, namoro standard.
Brincadeiras a parte, desejo do fundo do meu coração toda sorte do mundo nessa nova fase de sua vida. Vida a dois não é fácil, mas você com toda sua sabedoria saberá conduzir e contornar as adversidades e torná-las mindinhas.
sábado, 30 de janeiro de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
A despedida
Íngreme barranco barrento
Com água pelos pés batendo
Escalo-te aos troncos...
Hoje não trago um sorriso nos cantos
Não há berros e nem mugidos
Terreiro em soluços
Conversas, cochichos comovidos
Goiabeiras de bruços
A prosaica casa de farinha
Clama por seus compadres poetas
Que agora bebem a sua rainha
E o rio segue seu curso
No vaivém do banzeiro
Saudades, memórias, luto.
Com água pelos pés batendo
Escalo-te aos troncos...
Hoje não trago um sorriso nos cantos
Não há berros e nem mugidos
Terreiro em soluços
Conversas, cochichos comovidos
Goiabeiras de bruços
A prosaica casa de farinha
Clama por seus compadres poetas
Que agora bebem a sua rainha
E o rio segue seu curso
No vaivém do banzeiro
Saudades, memórias, luto.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Alaga-me
Lânguida obscenidade
Um Amazonas em minha jangada
Inda te quero
Zeus meu, alagando-me
Antes do grito da alvorada
Um Amazonas em minha jangada
Inda te quero
Zeus meu, alagando-me
Antes do grito da alvorada
sábado, 16 de janeiro de 2010
Dias contados
Caros leitores,
Foi um prazer inefável conhecê-los, pois venho através deste informá-los que estou com o prazo de validade contado. Recentemente fui ao médico e eles descobriram que tenho uma doença irreversível.
Tudo começou com uma dor na cabeça do dedão e estendeu-se até o peito do pé. Os dias foram se passando e a dor foi subindo pra batata da perna, logo depois chegou até o pé da barriga. Mais tarde essa dor migrou pra boca do estômago e não satisfeita estacionou no céu da boca. No último exame detectaram um nódulo no pé da orelha.
Diagnóstico: catacrese.
Foi um prazer inefável conhecê-los, pois venho através deste informá-los que estou com o prazo de validade contado. Recentemente fui ao médico e eles descobriram que tenho uma doença irreversível.
Tudo começou com uma dor na cabeça do dedão e estendeu-se até o peito do pé. Os dias foram se passando e a dor foi subindo pra batata da perna, logo depois chegou até o pé da barriga. Mais tarde essa dor migrou pra boca do estômago e não satisfeita estacionou no céu da boca. No último exame detectaram um nódulo no pé da orelha.
Diagnóstico: catacrese.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Vinicius de Moraes
Vinicius, versos, Vinicius...
Seus sonetos, seus poemas...
Meu vício.
Vinicius,
Seus versos de mim tão íntimos
Quiser eu ter o poder
De não deixá-los fenecer.
Vinicius,
Perdoa-me pelo poema ínfimo.
Seus sonetos, seus poemas...
Meu vício.
Vinicius,
Seus versos de mim tão íntimos
Quiser eu ter o poder
De não deixá-los fenecer.
Vinicius,
Perdoa-me pelo poema ínfimo.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Os caras
Com um Machado nas mãos fui desbravando o caminho espinhoso da ignorância e conhecendo caminhos nunca antes pisados por esses pés limpos de cultura. Um Machado genuinamente carioca, aparentemente frágil, desamolado, mas da melhor qualidade.
Nesse chão coberto por Ramos e ladeado por Rosa e Matos com cheiro de Lima conheci um Padre que me mostrou a via crucis de forma nua e crua. Fui cercado por Anjos que alumiou as trevas que insistiam em me acompanhar, e no meio do caminho tinha um Coelho, mas não hesitei em botá-lo pra correr e descartar qualquer hipótese de fracasso.
Isto posto e posto isto, castrei toda e qualquer possibilidade de me perder na selva dos iletrados e levantei a Bandeira da liberdade. Leia e liberte-se. Viva a liberdade!
domingo, 10 de janeiro de 2010
Lobo do Homem
Fortunas palpáveis
Alma desventurada
Caminhas cego de usura
No lamaçal de verdes cifras
Nas costas carregas
A mesquinha riqueza
Dos raquíticos de espírito
Tudo ao seus pés
É a certeza que trazes no peito
E o encontro frio das mãos
Sobre teu peito calado?
Silenciou... Mal-aventurado
Alma desventurada
Caminhas cego de usura
No lamaçal de verdes cifras
Nas costas carregas
A mesquinha riqueza
Dos raquíticos de espírito
Tudo ao seus pés
É a certeza que trazes no peito
E o encontro frio das mãos
Sobre teu peito calado?
Silenciou... Mal-aventurado
sábado, 9 de janeiro de 2010
Vai encarar?
Manaus, sexta-feira, 14:50h, sol escaldante. Corro em direção ao banco, só tenho dez minutos. O sinal fecha, é hora de atravessar a rua. Próximo de mim pára um corsa azul metálico e no volante do carro um azulão.
Vou caminhando lentamente em direção a faixa de segurança e olho sorrateiramente para o corsa azul metálico e o negão fita-me com olhos gordos, tira um raio x de mim, sinto-me nu. O rosto esquenta, ruborizo, baixo os olhos e caminho rumo ao meu compromisso bancário.
Paro do outro lado da rua, espero um carro passar. A sensação de está sendo observado inquietava-me, antes de cruzar a rua minha curiosidade leva-me a olhar para trás e para minha não surpresa o morenão ainda fita-me com olhos ávidos.
Sinal verde. Ele engata a primeira, dá um sorrisinho maroto e acena com a mão direita. Sorrio amarelo, balanço a cabeça para os lados e finalmente chego a tempo na casa bancária.
Só pra deixar bem claro, sou despido de qualquer tipo de preconceito, mas bem que poderia ter sido uma morenaça, não é?
Vou caminhando lentamente em direção a faixa de segurança e olho sorrateiramente para o corsa azul metálico e o negão fita-me com olhos gordos, tira um raio x de mim, sinto-me nu. O rosto esquenta, ruborizo, baixo os olhos e caminho rumo ao meu compromisso bancário.
Paro do outro lado da rua, espero um carro passar. A sensação de está sendo observado inquietava-me, antes de cruzar a rua minha curiosidade leva-me a olhar para trás e para minha não surpresa o morenão ainda fita-me com olhos ávidos.
Sinal verde. Ele engata a primeira, dá um sorrisinho maroto e acena com a mão direita. Sorrio amarelo, balanço a cabeça para os lados e finalmente chego a tempo na casa bancária.
Só pra deixar bem claro, sou despido de qualquer tipo de preconceito, mas bem que poderia ter sido uma morenaça, não é?
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Abstêmio
O prazer dos rabiscos
Encontra-se entorpecido
Faz-se o breu, faz-se o dia
O vazio abraça as palavras
Confortando ideias latentes,
Errantes descaindo ao encontro
De um desvario silencioso.
Encontra-se entorpecido
Faz-se o breu, faz-se o dia
O vazio abraça as palavras
Confortando ideias latentes,
Errantes descaindo ao encontro
De um desvario silencioso.
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