terça-feira, 24 de junho de 2014

Partida de Futebol

A intenção é vencer o adversário sem sabotar as regras do jogo ainda que, como um instinto do ser humano, um ou outro tente ludibriar ou tirar vantagem de um descuido daqueles que arbitram o espetáculo. Fair-play deve vir de berço e não pode ser apenas uma mera questão de ética.
Porém o enganar está inerente ao futebol sob o prisma do gingado do corpo, do balé das pernas, do olhar para esquerda e tocar para direita, da paradinha diante da cal, do drible da vaca, do banho de cuia, do elástico. E essa arte de enganar tem o aval da segunda vara dos atacantes habilidosos. Muitos a querem, poucos a dominam.
Bola rolando, transpiração, ação, corpos suados, sarados, e o senso de equipe em cada passe, em cada lançamento, calça o entrosamento dos poetas dos gramados dignos da Academia Brasileira de Bolas. Vencer requer a sensibilidade de um Vinicius e a sagacidade de um Machado de Assis.
Os esquemas táticos aliados a força física engessaram a espontaneidade enriquecedora dos boleiros menos anarquistas. O que, graças ao deuses do futebol, nem sempre significa vitória dos músculos adestrados. Ainda insisto em dizer: Não é força, é jeito. Portanto o talento individual ainda tem seus aplausos guardados nas palmas das mãos diante do drible desconcertante acompanhado do balanço da rede. Momento esse de pura catarse.
Então viva aos alquimistas Garrincha, Pelé, Rivelino, Sócrates, Zico, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Robinho, e outros poucos, só para citar os brasileiros, que fizeram daquele pedaço de chão verde o palco iluminado de suas subversões levando alegria aos torcedores e despertando paixões inefáveis ao grito alucinado de gol, no levantar sincronizado das mãos na arquibancada e no humilhante coro do "olé".
Para os mais atentos a arquitetura de um texto devem estar dizendo: mas esse texto sofreu uma digressão. Sofreu sim, tal qual uma partida de futebol. Lembram de Brasil e Holanda na última Copa quando tudo ia muito bem para nós e de repente os Holandeses distorceram tudo? Pois é. Foi de propósito.


sábado, 21 de junho de 2014

O Poder da Copa



A Copa tem indiscutivelmente seus encantos. Um evento que consegue reunir até a família mais desunida na sala de estar, unir vizinhos desafetos na hora de arrecadar dinheiro para enfeitar as ruas, criar um calendário escolar especial, esvaziar a Constantino Nery na hora do rush numa quinta-feira, fazer o namorado esquecer a namorada em pleno 12 de junho, levar Caetano Veloso de metrô ao Maracanã para assistir a nossa arquirrival Argentina, agilizar o atendimento bancário em dias de jogo do Brasil, incentivar baianos e amazonenses ao trabalho voluntário ( brincadeirinha), é realmente fascinante.
Acompanho as Copas desde 1982, pois é, eu já era um adolescente. Chorei hiperbolicamente quando fomos derrotados pela Itália. O ato hiperbólico se repetiria em 94 diante da própria Itália, dessa vez de alegria, após vinte e quatro anos voltaríamos a levantar a taça, agora, pela quarta vez. É tetra! é tetra! é tetra! Quem não lembra disso? Ainda gostava do Galvão nessa época.
Eu vi Zico errar um pênalti, Maradona fazer gol de mão, Escobar ser assassinado por fazer um gol contra, o gentleman Zidane agredir outro atleta, mas também vi Romário ganhar uma Copa pra gente, Maradona fazer um gol épico, Ronaldo desbancar a arrogância do goleiro alemão Oliver Kahn, e vi durante esses anos todos o mesmo entusiasmo de milhões de brasileiros.
Agora quero o hexa, quero ver Neymar entortar os adversários, quero voltar daqui a um mês para minha realidade e ver um povo com o mesmo entusiasmo, motivação e união nas outras áreas de nossas vidas também. Que não percamos nunca a nossa fé e esperança de dias melhores. Quem sabe o hexa me faça voltar a falar com meu vizinho chato novamente.

Fifa Fan Piriguete Fest



Dando uma volta pelo Largo São Sebastião ontem à noite fiquei num cantinho a observar toda aquela muvuca. Inglês era o idioma oficial alí. Ingleses, croatas, camaroneses, italianos e piriguetes, muitas. Todas tentando a sorte grande com os gringos mochileiros ( inoceeente! ). E como elas se esforçavam pra se comunicar com os branquelos já vermelhos de tanto sol amazônico. Pensem numas meninas easygoing, mais easy do que going é bem verdade. "What your name?", "How is you?" A gramática era feia, mas as curvas e bundas à mostra davam a fluência necessária para o primeiro passo. Saí dali horrorizado. Nenhuma delas olhou pra mim!

Depois dos 40



Depois dos 40 o pensamento feminino muda, desembaraça.
O sexo não é mais performance, exaustão, é fazer o que se gosta e do jeito que gosta. É aproveitar dez minutos com a intensidade de uma noite inteira, é reconhecer o rosto do próprio desejo no primeiro suspiro, é optar pela submissão por puro prazer, sem entrar na neurose da disputa ou do controle.
A mulher de 40 não diminui o ritmo da intimidade, ela não tem um omento para a sensualidade, a sensualidade é todo momento. A beleza se torna também um estado de espírito, um brilho nos olhos, o temperamento. A beleza é resultado da elegância das ideias, não somente do corpo e dos traços físicos.
Ela não precisa mais provar nada. Já spfreu separações, e tem a consciência de que suporta o sofrimento. Já superou dissidências familiares e tem a consciência de que a oposição é provisória. Já recebeu fora, deu fora, entende que o amor é pontualidade e que não deve decidir pelo outro ou principalmente amar pelos dois.
Em suma, depois dos 40 anos não há depois, é tudo agora