domingo, 20 de abril de 2014

Correr

Pratico esporte desde tenra idade. Sou da época do futebol de salão, fui da seleção do colégio Estadual até estourar a idade. Estourar a idade é uma expressão usada no meio futebolístico, depois joguei campeonato amazonense adulto pelo Vilas, um time ali da Cachoeirinha, e isso sem contar minhas inúmeras participações no Peladão. Não, Peladão não é nenhum concurso de homens pelados, é só um campeonato de futebol amador.
Há oito meses descobri a corrida de rua por acidente, não acidente de rua, felizmente. E simplesmente foi amor a primeira largada! Nem sabia que ainda tinha essa coisa da competição dentro de mim e competir com fair play é muito salutar e me faz buscar dentro de mim, lá no lugar mais recôndito, sempre o meu melhor. Acredito que tem de ser assim em tudo que fazemos.
No esporte individual, diferentemente do coletivo, você não precisa esperar pelo outro, é você tentando superar seus próprios limites, e cá pra nós, essa sensação de não depender de terceiros é impagável. Gostaria que fosse assim em muitas outras áreas da minha vida, mas infelizmente não é assim que a banda toca, até porque se fosse não haveria bandas, só carreira solo.
Porém ainda faltava algo, faltava um amigo para me acompanhar nos treinos e convidei o Harrison Lopes, amigo de longa data, ele topou e de cara se tornou um adepto das corridas de rua também. E é durante os treinos que a gente bota a forma e o papo em dia.
Depois meu filho Paulo Medeiros Júnior também se juntou a nós. Menino esperto que é, sempre seguindo os passos do pai exemplar que sou, desculpem minha modéstia. Agora somos três praticantes desse esporte que tem me proporcionado uma melhor qualidade de vida e muito mais fôlego para o corre-corre do dia-a-dia. E na corrida de hoje, corri feito um coelho e meu amigo Harry feito uma tartaruga. Por falar em coelho, Feliz Páscoa!
P.S. Se eu não sacanear com ele, não tem graça.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Errar é umano



Passado a euforia de mais um título em cima do nosso maior rival e deixando de lado as gozações, sarros, sátiras, paródias e piadas em geral, venho através deste me posicionar diante de alguns fatos.
Não que eu seja o advogado do diabo, longe disso, porém acusar o rubro negro de roubo, vociferar que clube e torcedores são tão corruptos quantos os políticos que nos representam é um tanto quanto inverossímil, injusto, quiçá hiperbólico.
O futebol é arbitrado por - lá vai um truísmo - seres humanos e como tal estes são passíveis de erro. Errar é parte intrínseca do jogo, ou o Vasco nunca foi favorecido por erros de arbitragem? Na partida de hoje o "trio" de cinco controladores da regularidade do jogo errou sim ao validar o gol irregular do flamengo.
Obviamente isso não significa que houve favorecimento ilícito ao Clube de Regatas Flamengo, muito menos, uma suposta mala preta prenhe de dólares foi oferecida para os árbitros, como andam dizendo as mentes mais férteis.
Foi um erro horroroso? Foi, no entanto, não foi o primeiro e nem será o último. Os erros continuarão acontecendo, seja com chip na bola, com cinco, seis, sete árbitros dentro do campo, com consulta as emissoras de televisão, rádio e afins. Eles estarão sempre lá.
Agora, acusar de roubo é um erro grave, gravíssimo. Tem de ter provas, mas, como diz o lugar-comum, errar é umano (com U mesmo), então, vascaínos viscerais, vocês estão perdoados.

Carta a minha mãe



Mãe, hoje acordei com a cabeça tão alagada de pueris reminiscências que foi inevitável não armar minha rede com boca de lobo na varanda da minha infância. E no valsar da rede uma brisa saudosista lambeu minha face com memórias das várias Semanas Santas que passei no Careiro da Várzea especialmente na década de oitenta.
Acordar com o canto dos pássaros era uma briga de galo, e a senhora pacientemente acordava de um por um. Eu era sempre o último. Coitadinho do bichinho, deixa ele dormir mais um pouquinho, Joaquim. Assim a senhora exercia a sua autoridade de esposa no diminutivo das palavras.
Já a bordo do Andrade, de propriedade do seu cunhado e compadre, o café quentinho recebia a inusitada visita da bolacha de motor, ah... nada como afogar a bolacha modelo no café garçonete! Esse é um hábito que faço questão de cristalizar.
A culminância dos dias no Careiro era jogar bola no campinho de grama do tio joãozinho e os banhos na beira do Solimões com os primos, mas de acordo com seus dogmas religiosos tal culminância era impensável para a Sexta-feira Santa. Ficava puto, fechava a cara, esperneava, porém, aceitava. Paulatinamente fui entendendo o significado daquele dia.O bom disso é que nem varrer a casa a senhora permitia.
Comer goiaba trepado na goiabeira era tão gostoso quanto o futebol no campinho do tio joão. Como eu gostava de trepar nas goiabeiras. Por favor, que vocês não enxerguem nenhuma conotação sexual nessa oração.
Mãe, até dos mucuins me lembrei hoje. Voltava com o saco até o tucupi de mucuim. Não sei por que cargas d'água eu era um hospedeiro de mão cheia, ou melhor, de saco cheio. Para aqueles que não sabem, mucuim é um inseto encontrado na Amazônia que penetra no saco escrotal, causa vermelhidão e incomoda bastante.
Então mãe, assim tem sido esses meses sem a senhora. Muitas lembranças, um choro aqui, outro acolá, e assim será até o nosso reencontro. Não se esqueça que o pedaço seu que ficou dentro de mim é o que de melhor há em mim. Bença mãe.

domingo, 6 de abril de 2014

Que lugar é esse?

Onde será esse lugar que tanto queremos chegar? Onde seria esse porto seguro? Porto de Quimera? Cais da utopia? E essa pressa de chegar? Eu, por exemplo, às vezes me perco em atalhos na esperança de chegar logo. Só que nem sempre chegar logo significa chegar bem. Encurtar o caminho pode nos deixar ainda mais longe do Porto de Quimera. Agora deixa eu ir içar minhas velas e seguir pra onde o vento me levar.