terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Cachorro

Sempre fui muito reticente em relação a ter cachorro em casa por uma simples questão de espaço e despesa. Minha casa é pequena e meu dinheiro é parco. No entanto minha filha com todas suas armas de sedução quis me fazer acreditar que seria interessante ter um cachorro em nosso lar. Disse não! Ela argumentou, não, Larissa! Aí ela me fez uns cafunés, não vem que não tem! deu uns beijinhos, esquece essa ideia! disse que me amava, pronto, a pulga que estava atrás da orelha dissipou. Sim!
O Poodle misturado com Pastor Alemão - sei nem se é possível essa mistura - aos três meses ainda não tinha nem nome. Lá estava eu palpitando, com cara de durão, claro. O batizei de Marley Black Medeiros de Jesus - vulgo dorminhoco- já que era pra dar um nome, dei nome sobrenome e apelido.
Pensem num cachorro folgado. O cara se amarra num cafuné, minha filha agora dá mais atenção para ele do que pra mim. Me falaram que ele ia comer qualquer coisa, porém está sendo tratado a pão de ló e leite da vaquinha mococa, só dorme com o ar condicionado ligado. Ciúmes? Imagina! eu com ciúmes de um vira-lata disfarçado de Pastor Alemão pulguento, eu hein, tem mil!
Pra piorar quando chego em casa ele corre pra cima de mim querendo brincar, me lambe todo, me morde, se esfrega, putz, é um grude. Nunca gostei nem de mulher grudenta que dirá do Marley Black.
o fato é que os dias vão se passando e o coração vai amolecendo. Às vezes estou por aí e me pego pensando no negão de olhar cálido. Agora sou recebido em casa com abraço dos filhos, beijo da esposa e lambida do Marley. Estou gostando mais dele do que de muita gente. O Marley é black, o Marley é brother.
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sábado, 28 de dezembro de 2013

Enrustido eu?



Em meio a mais um bate-boca ela tropeçou nas palavras e topou na seguinte frase: Você nunca diz que me ama, seu enrustido! Houve um silêncio... Ele fitou-a enrubescido e limpou a garganta. Desculpa! Outro silêncio. Pensou em se justificar, porém falar o que depois de uma topada na calçada do seu machismo incabível nos dias de hoje e sempre. Após anos de casamento ela descobriu que Pablo era um romântico enrustido.
É tão difícil assim falar "Eu te amo" para as pessoas que amamos? Tenho extrema dificuldade de falar isso para algumas pessoas. É, acho que sou um romântico enrustido.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013



Janeiro trouxe o medo do novo em terras estrangeiras.Fevereiro castigou com o frio e a saudade dos meus. Março negro. Abril de incertezas. Maio de decisões. Junho sem festas juninas, comemoramos o que seria o último aniversário da mamãe. Julho de confusões. Agosto mais desgostos. Setembro de reinício. Outubro ou nada. Novembro o lenço, luto. Dezembro preto e branco. Sem graça, sem Nonata.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Bodas de Cretone

23 de dezembro de 1994 começamos a escrever nossa história no papel de nossas próprias Bodas. Fiz papel de homem e a assumi depois de três longos anos de namoro. Longos para ela, efêmeros para mim. Casei quando o peito ainda tufava de juventude e a vida tão somente era confete e serpentina.
Vida de solteiro era papel ofício, sem espaçamento, em branco, vazio, sem eira e nem beira. Estranhei o papel almaço do casamento com seu espaço duplo e suas margens, porém com muito respeito, foi assim que mamãe me ensinou, andei na linha sem rascunhos de vida louca. Era jovem demais e insano de menos. Não ia fazer esse papelão e me tornar papel picado, pois ela é baixinha e invocada.
Após dois dedos de espaço veio o primeiro filho fruto da falha da pílula anti-vida e do espermatozoide kamikaze que estourou a camisinha. Espermatozoide forte trouxe um filho doce justamente no ano de nossa Bodas de Algodão. Sem planejamento e muito menos script - dizem que Deus escreve o certo por linhas tortas - era hora de escrevermos um novo capítulo de nossa história.
Vieram outras Bodas. Veio a de Couro quando ainda dava muito no couro. Não há colchão que aguente tanto chap chap chap. É bem verdade que agora estou mais ao som desse banzeiro. Depois veio Bodas de Flores e seus espinhos, claro. Seria uma quimera pensar num relacionamento só de flores. Com sete anos de casado quis chutar o balde, balde de lata até o tucupi de questionamentos e perguntas sem respostas. Bodas de Latão. Porém ela filosofava, sábia, muito sábia, parecia Platão. Rosângela segurou a onda, segurou o rojão.
2006. Agora sim, tudo planejado. Construímos nosso casulo e aumentamos a prole. Agora uma mocinha. Larissa foi planejada, calculada, tudo anotado na minha planilha do Excel. Ela não podia nascer em maio uma vez que eu, Rosângela e Júnior aniversariamos nesse mês. Mais um aniversário em maio a firma quebraria. Ela chegou nos braços de julho e trouxe a leveza e o brilho da seda em meio as comemorações de Bodas de Seda sem as larvas agora da conturbada crise dos sete anos. Passamos a ser quatro.
Os anos foram se passando e o peito que tufava de juventude foi adquirindo os cabelos da maturidade. Muita coisa boa aconteceu. O saldo é positivo. Outras Bodas comemoramos: Linho, Marfim, Cristal, Safira, Rosa, Turquesa e esse ano é Bodas de Cretone. 23 de dezembro. Como ando meio aperreado de dinheiro, provavelmente vamos comemorar com panetone. Cretone, panetone, a rima é pobre, mas o sentimento de amor mútuo que fermenta dentro de nós é tão rico quanto o Amazonas.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Então é Manaus...

Que Simone que nada! Quero ver todo mundo cantando dia 25/12 lá no teatro Amazonas a nossa versão.

Então é Manaus, um forno talvez
Aqui não tem brisa, calor outra vez
Então é Manaus, de ti eu sou fã
Com chuva ou sem chuva, mormaço o ano todo
Então é Manaus, paid'égua meu bem
Que venha a Copa e os Ingleses também

Então é Manaus, pro bichado e pro são
Pro rico e pro pávulo, num só coração
Então é Manaus, chibata no balde
De janeiro a janeiro, o ano inteiro
Então é Manaus...

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Boa viagem

Atenção senhores alunos com destino ao ano letivo de 2014, a aeronave dispõe de duas saídas. Alunos com destino a aprovação desembarcarão pela porta da frente. alunos com destino a reprovação desembarcarão pela porta dos fundos. Alunos em conexão, ou melhor, em recuperação, permanecerão na aeronave.
Em caso de emergência, estudem os capítulos 1,2,3. Em caso de despressurização da avaliação, conselho de classe, ultima chamada.
O serviço de bordo - livro à milanesa - será servido assim que estivermos em voo de cruzeiro.
A educação agradece pela sua preferência. Ano letivo 2013,portas em automático. Boa viagem.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Futuro?

"Calma que você tem a vida toda pela frente" desbota velhacamente a metáfora. Desculpa colorir o clichê de sinceridade, mas não é mister dizer, como diria Machado de Assis, que ninguém tem a vida toda pela frente. Atracar-se no pescoço do dito lugar-comum é dar de ombros e amortalhar o que temos de mais precioso nesse plano terreno. O presente, regalo do Cara lá, que não é brasileiro e muito menos grego.
Vivemos a embalsamar o momento sem nem desconfiarmos da nossa transformação em sombras, caricaturas grotescas, projetadas no espelho do tempo. Quebre o espelho e chute os cacos de quimera. A vida toda pela frente faz parte do mistério da eternidade. Afinal, você gosta de futuro ou presente?