sábado, 4 de maio de 2013

17

Embebido de orgulho, hoje, abro a vida na página dezessete convicto de que ainda estou folheando o prefácio de uma prosa poética machadiana. Personagem interessante, leitura leve, doce, um Best-seller cativante e prenhe de lirismo que caiu em meus braços ao cair da noite em dois de maio de 1996.
Livro lícito, mas não planejado, lubrificou meu coração enferrujado, desparafusou minha encarquilhada carcaça adulta, afrouxou meu sorriso, jogou os parafusos fora, anarquizou meu egocentrismo, recauchutou meu altruísmo e embutiu em meu comportamento atitudes desatadas de preconceito.
Cada frase uma fase, cada parágrafo um ponto seguido, cada não um sim pra literatura, cada página virada um ensinamento fremente. Apesar das diferenças entre vírgula e ponto e vírgula isso não impediu a fluidez de seus versos e muito menos o causou um desvio de semântica.
O livro é lindo e traz uma mensagem com a caligrafia de Deus e a rubrica de todos os santos. Esse é meu filho Júnior que hoje completa dezessete anos. Desviando-me do lugar-comum digo que parece que foi anteontem que o observava no berçário. E ali externei meu preconceito ao me deparar com uma criança de cabelo espeta-caju que não parava de chorar. Pensei cá com meus botões: Putz, esperei nove meses por isso? Rsrs. Até que a enfermeira apontou para a outra criança que dormia tranquilamente.
Eu não passaria impune por tal comportamento. Os três primeiros meses ele trocou o dia pela noite. Chorava feito o espeta-caju do berçário. E para o castigo ser completo, não sei por que cargas d´água após o seu primeiro corte de cabelo seus cabelos tomaram formas não convencionais, pra não dizer espetais, mas a mãe não sossegou enquanto não ajeitou o cabelo do menino. Tratamento a base de casca de melancia. Haja esfregar a casca na cabeça da criança que hoje não suporta a fruta.
Ele cresceu, claro, ou vocês acham que sou pai do Benjamin Button? E dizem que ele é a minha cara. Putz, a cara do smigol, não ele não merece tal comparação. Ele merece mesmo é ser muito feliz e rezo para não estar aqui para fechar esse livro.
Parabéns e muitos anos de vida pra você. TE AMO.

2 comentários:

  1. Que belo, texto, amigo!!!

    já com um filhote de 17? Parabéns!!

    Eu, que nem comprar um "livro" igual queria, demorei-me a retirar meu exemplar da prateleira; mas enfim, o fiz.
    O daqui só tem 2, mas logo, logo, chegará aos 17!! E eu, já com 47 (viu, como demorou??) já serei um senhor de cabelos brancos(mais do que já hoje são) quando ele chegar aos 17, 18, 20, 25...
    Só me arrependo de não ter "comprado" o livro antes, a leitura dele é um sacramento.

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  2. Boa primo, mas nunca é tarde. Filhos sãosempre bem-vindos.

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