quarta-feira, 20 de novembro de 2013

"Bença" mãe

Enquanto meu sobrinho despachava suas malas a fome fazia check-in em meu estômago e abria um vazio tal qual o que já estava hospedado em minha alma.
Assim que aquela aeronave recolheu o trem de pouso eu decolei rumo a minha casa. Antes porém, paguei um mico. Não paguei o estacionamento. Cinco reais por vinte minutos. Surreal! Mas deixemos as cifras na caixa-preta e continuemos com o texto.
Saí do aeroporto com o pensamento desafivelado. Ouvia palavras incessantes, no entanto não as conectavas. Incongruências de um coração dilacerado.
Subitamente rasguei meu plano de voo e decidi ir encontrar meus pensamentos. Cemitério Parque tarumã. Escala compulsória toda vez que por ali passar.
Na entrada comprei um maço de velas - minha mãe gostava de velas, uma caixa de fósforos e segui para a sepultura 1492. Aterrizava ali pela segunda vez só essa semana. Logo eu que pouco a visitava. E olha que ela era minha vizinha. Tentativa insana de compensação. Não tem compensação, não tem comparação.
Acendi as velas - serviço de bordo num cemitério - e junto com minha filha rezamos um Pai Nosso e uma Ave Maria, minha mãe gostava de rezar. E no silêncio abissal da quadra 56, fila 39, arguições gritavam dentro de mim.
Decolei do Parque Tarumã morto de fome, mas com a certeza que minha mãe continua muito viva dentro de mim. "Bença" mãe!

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