23 de dezembro de 1994 começamos a escrever nossa história no papel de nossas próprias Bodas. Fiz papel de homem e a assumi depois de três longos anos de namoro. Longos para ela, efêmeros para mim. Casei quando o peito ainda tufava de juventude e a vida tão somente era confete e serpentina.
Vida de solteiro era papel ofício, sem espaçamento, em branco, vazio, sem eira e nem beira. Estranhei o papel almaço do casamento com seu espaço duplo e suas margens, porém com muito respeito, foi assim que mamãe me ensinou, andei na linha sem rascunhos de vida louca. Era jovem demais e insano de menos. Não ia fazer esse papelão e me tornar papel picado, pois ela é baixinha e invocada.
Após dois dedos de espaço veio o primeiro filho fruto da falha da pílula anti-vida e do espermatozoide kamikaze que estourou a camisinha. Espermatozoide forte trouxe um filho doce justamente no ano de nossa Bodas de Algodão. Sem planejamento e muito menos script - dizem que Deus escreve o certo por linhas tortas - era hora de escrevermos um novo capítulo de nossa história.
Vieram outras Bodas. Veio a de Couro quando ainda dava muito no couro. Não há colchão que aguente tanto chap chap chap. É bem verdade que agora estou mais ao som desse banzeiro. Depois veio Bodas de Flores e seus espinhos, claro. Seria uma quimera pensar num relacionamento só de flores. Com sete anos de casado quis chutar o balde, balde de lata até o tucupi de questionamentos e perguntas sem respostas. Bodas de Latão. Porém ela filosofava, sábia, muito sábia, parecia Platão. Rosângela segurou a onda, segurou o rojão.
2006. Agora sim, tudo planejado. Construímos nosso casulo e aumentamos a prole. Agora uma mocinha. Larissa foi planejada, calculada, tudo anotado na minha planilha do Excel. Ela não podia nascer em maio uma vez que eu, Rosângela e Júnior aniversariamos nesse mês. Mais um aniversário em maio a firma quebraria. Ela chegou nos braços de julho e trouxe a leveza e o brilho da seda em meio as comemorações de Bodas de Seda sem as larvas agora da conturbada crise dos sete anos. Passamos a ser quatro.
Os anos foram se passando e o peito que tufava de juventude foi adquirindo os cabelos da maturidade. Muita coisa boa aconteceu. O saldo é positivo. Outras Bodas comemoramos: Linho, Marfim, Cristal, Safira, Rosa, Turquesa e esse ano é Bodas de Cretone. 23 de dezembro. Como ando meio aperreado de dinheiro, provavelmente vamos comemorar com panetone. Cretone, panetone, a rima é pobre, mas o sentimento de amor mútuo que fermenta dentro de nós é tão rico quanto o Amazonas.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
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