domingo, 24 de fevereiro de 2013

Experiência nos Estados Unidos


Aos quarenta e um anos pela primeira vez passei quarenta e um dias fora de casa. Motivo da separação? Estados Unidos! Precisava vivenciar a experiência da festa estranha com gente esquisita. Precisava vencer meus medos, precisava me libertar da neofobia. Morro de medo do novo e embarquei naquele cilindro de asas rumo a Philadelphia até o tucupi de medo.
Ao desembarcar em Philly a primeira palavra que ouvi foi um “hi” e num ato falho respondi “bye”. Mal cheguei e já queria voltar. Meu coração não estava ali e como diz uma amiga minha home is where the heart is. Mas não podia amarelar afinal de contas tenho aquilo roxo.
A primeira semana no choque cultural é classificada como lua de mel. A minha foi lua de mel de abelha do Paraguai. Queria o divórcio. Sofri. Chorei. Comi a omelete que o diabo amassou. Omelete foi meu prato principal durante algumas semanas. Quem quiser perder o amigo aqui é só me oferecer uma.
Comendo mal desse jeito não poderia ser diferente. Emagreci o corpo, porém engordei a alma. O frio me impedia de ir à academia, mas não de me exercitar. Exercitei a paciência, a ansiedade, o autocontrole. Emagreci. Voltei mais forte. Paradoxical.
Conheci chineses, japoneses, franceses, libaneses, árabes, New Jersey, New York, new things... No entanto, nada comparável aos brasileiros que conheci por lá. Povo espirituoso, cheio de alegria, sorriso desenhado na cara. Não à toa eles se encantavam quando dizíamos que éramos do Brasil. Eita povo animado! O mundo tava desabando e a gente cantando na rua, na fazenda ou numa casinha de sapê. Colocamos os chineses pra sambar bem no dia do ano novo chinês. Porém, perdemos o rebolado no dia da tragédia em Santa Maria. Aquele dia foi punk, foi foda.
Chorei no silêncio do meu quarto, no silêncio da minha impotência. Quis voltar pro Brasil naquele dia e abraçar todas as pessoas que amo. Fomos todos abraçados pelo espantalho da dor com a notícia. Ninguém quer a morte, só saúde e sorte já cantava Gonzaguinha.
Mas a vida continuava e tínhamos uma missão ali. Tínhamos que atravessar uma ponte e o desafio era grande. Conseguimos com êxito. Voltei orgulhoso de mim e com mais bagagem literalmente.
Quanto ao meu inglês? Continua o mesmo. Só mudou o jeito de andar.

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