terça-feira, 4 de março de 2014

Vou ali comprar cigarro



Sábado gordo de carnaval. "Vou ali comprar cigarro". Desculpa desbotada até de quem nunca, sequer, acendeu um cigarro só para tragar as festas de Momo à todos pulmões. E o cara só volta na quarta-feira de cinzas com a conta bancária mais magra que o rei Momo da Etiópia, e pior, vai comer ovo até o próximo pagamento fazendo jus a expressão "adeus à carne", do latim carne vale. Agora, quem nunca deu uma tragadinha nessa folia que atire a primeira bagana.
Aproveitando a escapulida enrolado na cortina de fumaça causada pela porção de ilusão que é o carnaval, o sujeito extravasa desejos escondidos e reprimidos nos escaninhos da alma sem nem se importar com o cantar do galo. Contrariando a máxima de que o corpo é a prisão da alma, o folião semi alforriado libera geral e dá vazão as fantasias no choro do cavaco e toque do tamborim.
Imagina um homem sambando de salto agulha dentro de um tubinho preto básico lá no bloco das Piranhas? Pois é, o carnaval tem esse poder, ou a alma frouxa dá esse poder. Poderosa, essa é a verdade, homens querem ter a sensação de como é ser poderosa. Porém não esqueçamos, quarta feira de cinza é hora de voltar pra casa de terno e gravata, uma carteira de cigarros na mão e uma boa explicação para dona Encrenca.

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