segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Quando eu era criança em tempo integral fazia da sala de estar da minha casa o meu Maracanã. Afastava os sofás, a cadeira de embalo e a mesa de centro. Os pés da estante eram as traves. A bola era feita de jornal e saco plástico de dois quilos – roubado do açougue do meu pai. Ele ficava muito puto quando descobria que eu rasgava saco. Era como rasgar dinheiro. E ficava mais puto ainda quando procurava o jornal do dia pra ler e o mesmo já havia virado bola oficial da Fifa.
Eu jogava, narrava, me expulsava, fazia gol de impedimento, criava confusão, ganhava títulos... Obviamente para o Flamengo e Seleção Brasileira. Era um mundo só meu onde tudo era possível e nada era absurdo. Não, eu não queria ser jogador de futebol, eu queria ser jogador do Flamengo!
Já pensou você olhar para as paredes de sua casa e imaginar uma multidão de torcedores gritando seu nome numa cobrança de pênalti numa final de Copa do Mundo? E pior, você ficar nervoso durante a cobrança do pênalti? Pois é... Acho que só as crianças mesmo têm esse poder de imaginação. Solo onírico sem pegadas de surrealismo. É tudo real mesmo! Uma pena que o sisudo mundo adulto desmate essa floresta encantada.
Então o sonho de jogar no Flamengo e Seleção não se realizou, mas eu vivi aquilo tão intensamente na minha infância que isso não deixou vestígios de frustração. Na minha cabecinha eu fui o camisa 10 do Flamengo e da Seleção. Então meus futuros netinhos: Preparem-se pra ouvir meus “abacabas”.
Feliz dia das Crianças!

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