terça-feira, 7 de setembro de 2010

Discurso de Formatura

Lá ia eu começar mais uma aula de inglês em plena manhã do primeiro sábado de fevereiro de 2006. Olhos avermelhados de uma noite mal dormida, sono desenhado na face, e o friozinho na barriga natural do primeiro dia de aula. Friozinho esse que me acompanha desde a primeira aula que ministrei lá no ano jurássico de 1994. Quando não mais senti-lo, é porque o ato de lecionar já há de ter me lesionado.
Antes de entrar na sala uma ligeira prece rogando aos deuses da educação alunos com a mesma disposição e motivação que as minhas. Do contrário o semestre já estaria fadado ao fracasso.
Quando virei a maçaneta e coloquei meus pés naquele espaço que carinhosamente chamo de permuta de conhecimento tive minhas retinas encandeadas pelo brilho faiscante dos olhos ávidos por aprendizado daqueles quatorze quinze alunos.
Silenciosamente agradeci aos deuses da educação e risquei um sorriso no rosto. Então começamos a aula e por tabelinha começávamos ali a estreitar laços de amizade que nem de longe suspeitávamos que aconteceria.
Foi um semestre auspicioso. Diria mais, foi um semestre dos sonhos. Sempre pautado é claro na filosofia socrática – o diálogo. Transmissão de conhecimento meus amigos se dá através do diálogo. Quando a aula não era boa, as sugestões eram sempre bem aceitas por esse humilde educador. E quando vocês não correspondiam as minhas expectativas, meus conselhos sempre revestidos de muito carinho eram sabiamente bem aceitos por vocês também. Parafraseando Platão, o belo é o esplendor da verdade. E foi montado no cavalo da verdade que cavalgamos durante esses quatro anos.
Vocês não tiveram medo de se jogar nas águas da aquisição de outro idioma. Engoliram água, bateram pernas, bateram braços, espantaram todos os tubarões do comodismo e foram paulatinamente aprendendo a nadar. Os homens quem me desculpem, mas creio que o segredo está na alma feminina da turma. Poderia até chamá-las de Silmara Joana D’arc, Monica Anita Garibaldi, Martha Tereza de Calcutá,etc.
Mas os meninos, claro, também têm o seu valor. Com a chegada deles a turma ficou ainda mais homo, calma meninos! Quero dizer ainda mais homogênea. Em suma, cá estamos festejando o sucesso da vitória e o mérito é todo de vocês. Parabéns.

2 comentários:

  1. Olá Paulo
    Também sou educador (história), e agradeço a Deus pela escolha que fiz. Trabalho em uma escola a 30 anos onde já foi diretor por 6 anos, e Orientador Educacional por 2 anos( sou formado tbm em pedagogia e filosofia). Te garanto que aprendi muito mais que ensinei, principalmente quanto às relações humanas. Não considero ser professor um sacerdócio nem uma missão,é uma profissão como qualquer uma outra, mas tem a mais importante missão social. Formar seres mais humano.
    Bjux

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  2. adoreeeei o post!
    mesmo, essas palavras me prenderam...

    beijo
    *.*

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